| 05/10/2009 05h30min
Pedro Serapio, Futura Press
O pior da derrota do Inter para o Coritiba por 2 a 0 não foi a escalação tão obsessivamente defensiva que tornou-se vulnerável, com os três volantes. Maycon, Guiñazu e Sandro não são armadores. Logo, não armam nem barraca, que dirá o jogo. Nem a teimosia de Tite pelo losango no meio-campo, uma vez que as características dos jogadores imploram pelo 3-5-2. Até os plátanos do suplementar percebem que, hoje, há mais bons zagueiros do que atacantes no Beira-Rio
O mais grave é perceber
que, depois dos jogadores e do técnico Tite, agora também a direção emite sinais de que não sabe mais o que fazer.
Como são os
dirigentes que decidem, a situação é dramática. É como se o Inter fosse um navio à deriva no meio da tempestade.
No último período de instabilidade, o vice de futebol Fernando Carvalho aplicou uma bronca pública no time, afastou D'Alessandro, multou Índio e cobrou empenho com tom de voz elevado. Funcionou. O Inter enfileirou três vitórias seguidas e se reergueu. Não por muito tempo, mas ao menos somou um bom punhado de pontos.
E agora? A situação é parecida. Qual será a atitude do presidente Vitorio Piffero e do vice de futebol Fernando Carvalho? É bom agir rapidamente, enquanto as chances de vaga na Libertadores são reais.
Se o título está cada vez mais no terreno do sonho, com o Palmeiras abrindo nove pontos na liderança faltando 11 rodadas, que se tome uma atitude para garantir o G-4. Não salva o ano, mas ajuda a planejar e montar o time do ano que vem: os jogadores sempre preferem competições de visibilidade para
disputar.
Se a direção quiser
demitir Tite sob alegação do ódio alimentado pela torcida em relação a ele, que o faça já.
Escolha um treinador, de preferência o que vai ficar em 2010, ponha-o no cargo e aposte tudo numa reversão de ambiente no vestiário, cujo estado de prostração parece irreversível. Dar a Tite uma última chance até o próximo resultado ruim, além de incoerente com o discurso de que o trabalho é bom, pode ser suicídio.
Trocar de treinador na reta final do campeonato nunca é o ideal. Sobretudo quando a direção tem parcela de culpa grande neste quadro.
Entre vendas e compras, o Inter saiu da janela de agosto pior, enquanto seus adversários diretos se reforçaram. Mas só quem convive no dia-a-dia do vestiário tem elementos para avaliar a necessidade de uma medida drástica assim.
O fato é que a direção precisa agir. Pode ser a queda do técnico, uma entrevista coletiva para dar explicações convincentes e
inéditas aos 100 mil sócios, um retiro em Gramado para a reta final do
campeonato, a volta do 3-5-2, um pacto público. Mesmo a manutenção de Tite, embasada por argumentos claros e objetivos, pode ser uma ação de reordenamento do vestiário. Seja lá o que for, é preciso agir. E rápido. Antes que seja tarde.para o Inter.
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