| 28/08/2009 05h30min
Tadeu Villani
Depois da convocação de Sandro, ontem à tarde, fui ao Beira-Rio. Lá, conversa daqui e dali, colhi duas informações. A primeira: em dezembro, o agora jogador da Seleção Brasileira deixará o Inter. Os dirigentes já sabem que não há como mantê-lo no clube em 2010 — mesmo em caso de conquista de vaga na Libertadores.
Depois de ser fotografado no banco de reservas em Rosário, contra a Argentina, não serão apenas os ingleses do Tottenham a oferecer R$ 43 milhões. Os plátanos do gramado suplementar
sabem que outras propostas repousarão na mesa do presidente Vitorio Piffero até a próxima janela de transferências, que pega o meio da
temporada europeia. Será impossível concorrer com a riqueza do Primeiro Mundo.
Esta primeira informação é uma realidade inevitável. Os dirigentes já se acostumaram. Mas é a segunda informação que está tirando o sono dos dirigentes.
O Inter teme que as propostas do Exterior e a possibilidade real de disputar uma Copa do Mundo desviem a cabeça de Sandro ao ponto de afetar o seu desempenho no restante do Campeonato Brasileiro.
A preocupação faz sentido. Hoje, Sandro é o esteio do meio-campo de Tite. Os problemas do time podem estar em vários lugares, menos no volante de 20 anos, cuja capacidade de aliar marcação e talento faz dele uma jóia rara no mercado da bola. Tudo o que não pode acontecer neste momento decisivo do campeonato para o Inter é o esteio do setor mais importante da equipe perder o foco e cair de rendimento.
Segundo testemunhos que colhi no Beira-Rio, já se percebia o
olhar perdido de Sandro no vestiário da Vila Belmiro, quem sabe
imaginando o futuro radioso prestes a se descortinar na carreira.
Aqui, vale salientar: não se trata de desconfiança da direção acerca da boa índole ou profissionalismo do capitão da seleção sub-20. Sandro é um sujeito calmo e de paz. Isso não se discute. O receio fica por conta do lado humano mesmo. Como exigir que um jovem de 20 anos, de infância pobre, lide com a possibilidade real de garantir a tranquilidade financeira de algumas gerações de seus familiares como se nada tivesse acontecido?
O Inter teme perder Sandro mesmo que ele não vá para o Tottenham ou outro clube europeu antes de dezembro.
O Inter teme perder Sandro apenas para os ventos da janela de agosto.
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