| 23/08/2009 12h55min
Capitão do Inter na conquista da Copa Libertadores e do Mundial de Clubes, em 2006, o atacante Fernandão rescindiu contrato com o Al Gharafa, do Qatar, e seu nome esteve na lista de reforços desejados por São Paulo, Palmeiras, Santos e Inter.
Surpreendendo a todos, Fernandão não escolheu São Paulo ou Porto Alegre como nova casa.
Magoado com alguns dirigentes colorados, o jogador resolveu voltar às origens e vestir mais uma vez a camisa do Goiás. A estreia pode ser neste domingo, contra o Santos, mas o técnico Hélio dos Anjos não confirma a escalação do jogador.
Em Goiânia, o objetivo é apenas um: o título do Brasileirão para esquecer a fase difícil no Qatar. E o novo capítulo no Esmeraldino está perto de começar.
Com propostas de Santos, São Paulo, Palmeiras e Inter, você escolheu o Goiás. Por que recusou esses clubes?
Passei um ano muito complicado no Qatar. Queria voltar
para um clube pelo qual eu tivesse amor, que eu sentisse orgulho de vestir a
camisa. No Goiás isso acontece, tenho vontade de acordar todo dia e ir treinar na Serrinha. No Inter também seria assim.
Escolher o Goiás tem a ver com ter menos responsabilidades neste retorno?
Se você faz uma escolha pela melhor proposta financeira, é mercenário. Se você escolhe pelo sentimento, é porque não quer responsabilidade. Responsabilidade eu vou ter sempre. Agora ou com 40 anos eu sempre vou assumir minhas responsabilidades. Foi uma escolha feita em um momento da minha carreira em que tenho o sonho de ganhar o Brasileirão pelo Goiás.
A notícia da sua contratação foi dada durante a apresentação dos novos uniformes. Já estava planejado para acontecer assim? O que você achou da presença do Iarley no momento que todos souberam que você estava de volta?
Aproveitamos o melhor gancho para dar a notícia: a apresentação dos uniformes e o jogo contra o Flamengo. A diretoria
queria mexer um pouco com os goianos para que o estádio lotasse. O
Iarley sempre foi meu parceiro, um amigão. É um dos melhores amigos que eu tenho no futebol. Quando o Goiás o contratou, eu conversei com ele sobre o clube. Eu sabia que o Iarley ia me ligar na apresentação e foi um modo diferente de fazer o anúncio.
Na sua chegada ao Goiás houve carreata e helicóptero. Você acha que seu nome será usado pelo marketing para divulgar o clube como aconteceu com a chegada de Ronaldo no Corinthians e a de Adriano no Flamengo?
Toda a festa foi mais do que para um simples jogador, foi para um filho. Eu nasci nas escolinhas do clube, pagava para jogar e passei por todas as etapas aqui dentro. Muito mais do que uma jogada de marketing ou outra coisa, a intenção é mostrar a volta de um filho.
O Goiás pode atuar com você, Iarley e Felipe, artilheiros da equipe neste Brasileirão, juntos?
Claro que pode. Já joguei com o Hélio de meia, de atacante, de
segundo atacante, de centroavante fixo. E tenho certeza de que vou somar
bastante como sempre fiz. É uma dor de cabeça boa para o treinador. Nossa equipe tem uma qualidade muito grande e possui jogadores jovens e de talento. Isso dá um conforto muito grande ao Goiás não só nessa temporada como na próxima também.
Você tem preferência por algum posicionamento em campo?
Não, nenhuma. Sempre depende. Como centroavante, preciso de um meia com qualidade, que possa me municiar, e de alas, que possam fazer os cruzamentos. Se tem dois atacantes rápidos, posso jogar como meia. Eu quero é contribuir independentemente da posição. O Hélio decidirá a melhor formação para o Goiás, não para mim.
Quando Iarley foi dispensado pelo Inter, os dirigentes disseram que ele já era velho. Agora, você quis voltar, mas não recebeu uma proposta oficial. Fica um sentimento de mágoa pela forma como vocês foram tratados?
Isso faz parte do passado. E é aquela coisa: a fila anda,
não é? Essa foi uma frase usada na saída do Iarley e ficou marcada para
mim, mas não guardo mágoa. O Inter é muito grande e eu tenho a torcida no coração, pois eles me proporcionaram momentos sublimes. Vivi quatro anos muito intensos lá. Acho que a história ainda não acabou. O Inter estará na minha história e isso ninguém nunca vai tirar.
Há muitos brasileiros indo para o mundo árabe. As propostas são irrecusáveis, mas a maioria dos jogadores não fica muito tempo por lá. Como você avalia sua passagem pelo Al-Gharafa?
É um país maravilhoso para se viver, seguro. Eu gostei muito, mas não tive muita sorte. Tive problema de saúde logo quando cheguei (pneumonia) e também não tive muita sorte com a casa em que fui morar. Eu não conhecia o país nem as pessoas que mandavam no clube e não tive ajuda. Minha família sofreu muito, as crianças, por causa do calor, não podiam brincar do lado de fora e ficavam trancados em casa. Isso tudo contribuiu contra.
Além de problemas de saúde e de
moradia, o que mais o afastou do futebol árabe?
O jogador que chega ao futebol árabe e faz 20, 30 gols, tem seu contrato renovado e os xeques oferecem mais dinheiro. Tudo lá envolve muito dinheiro. E eles gostam de mudar o time todo ano, pois isso gera comissão para as pessoas que estão fazendo a transação. É um mundo onde realmente não existe muita ética. Como rola muito dinheiro, todo mundo quer pegar uma parte para si.
Seleção Brasileira ainda é uma meta na sua carreira?
Seleção não passa mais pela minha cabeça. Confesso que já mexeu muito comigo quando eu voltei para o Brasil para jogar pelo Inter. Defender a Seleção era um dos meus objetivos e cheguei a disputar um amistoso. Depois, vivi uma grande fase em 2005 e 2006. Ganhamos tudo no Inter e eu era um dos principais jogadores do clube e do Brasil, mas a chance não apareceu. Hoje eu estou mais preocupado em marcar meu nome na história do Goiás.
Já que a Seleção não é mais um objetivo, o que
te motiva hoje a continuar jogando futebol?
A história no clube é que fica e os grandes jogadores serão sempre lembrados como vencedores. E, por isso, quero marcar o meu nome na história, aqui no Goiás ou onde eu estiver. É isso que me move, que me motiva a trabalhar cada vez mais.
Sua estreia está perto. Qual é o sentimento de voltar a disputar o Brasileirão?
Estou muito contente por já estar regularizado. Passei pela fase de condicionamento físico, treinamento com bola e me sinto cada vez melhor para jogar pelo Goiás.
"Queria voltar para um clube pelo qual eu tivesse amor", diz Fernandão sobre o Goiás
Foto:
Mauro Vieira, BD - 20/5/2007
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