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 | 20/07/2009 05h30min

Cuidado: a paixão do Gre-Nal pode cegar

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br

 Daniel Marenco









Desde ontem, a partir do Gre-Nal (na foto, Adilson e Taison), o sentimento dos torcedores é mais ou menos assim: os gremistas agora acreditam que a caminhada demolidora do Grêmio só terminará no título do Brasileirão. Os colorados querem derrubar Tite e atirar um naco de titulares no banco de reservas como única saída possível, embora não saibam para onde vai dar essa saída.

Para o sucesso de Grêmio e Inter no Brasileirão o bom senso aconselha um mínimo de equilíbrio.

Se o Grêmio prosseguir na euforia exagerada que vi após a vitória de ontem, e julgar que agora não precisa mais contratar, vai tombar logo ali adiante. O Grêmio não virou o melhor time do mundo por que ganhou o Gre-Nal.

Se o Inter entender que todos desaprenderam de uma hora para outra e, graças a esta análise de arquibancada, chutar tudo para o alto antes de pensar no que fazer, aí mesmo é que não terá mais chances de ser campeão. Os jogadores do Inter não se tornaram cabeças-de-bagre por uma derrota em Gre-Nal.

Digo isso por que as paixões cegam. Especialmente em Gre-Nal.

No Olímpico, vi o presidente Flávio Obino ser festejado por alguns torcedores. Não que Obino deva ser execrado eternamente pelo rebaixamento à segunda divisão. Não se trata disso. Aliás, Obino foi até injustiçado em sua gestão, pois pegou o clube falido. Cito este exemplo apenas para medir o nível de entusiasmo de ontem.

Se tudo ficar apenas na alegria pós-vitória em Gre-Nal, ótimo para o Grêmio. Do contrário, os problemas reaparecerão rapidamente: o absurdo de ter que improvisar um lateral-direito, a necessidade de buscar um parceiro para Maxi López no ataque, as carências de grupo. 

Não gosto de me ater somente ao resultado. Claro que de nada serve jogar bem sempre e não ganhar nunca, até o arvoredo em volta do suplementar do Beira-Rio sabe disso. Contra o Náutico, o Inter fez 2 a 0 nos Aflitos. E jogou mal. Escrevi isso aqui, na coluna, e disse no Bate-Bola, da TVCOM. Ontem, o Inter levou 2 a 1. Perdeu com toda a justiça, que fique bem claro: sobretudo no segundo tempo, o Grêmio mostrou o futebol organizado e em ascensão das últimas partidas. 

Mas o Inter do Gre-Nal não foi aquele arremedo de time que se viu contra Corinthians e LDU.

Em relação a ele mesmo, houve evolução. O time melhorou com dois volantes (Sandro e Guiñazu) e dois meias (Andrezinho e D'Alessandro). Não fosse por duas atuações individuais péssimas, de Taison e Índio, mereceria até melhor sorte. 

Em resumo: a justa, merecida e incontestável vitória do Grêmio não pode ser superestimada no Olímpico. E a derrota sem jogar mal do Inter não pode fazer técnico, dirigentes, jogadores e torcida pensarem em suicídio coletivo.

O mundo não acaba após o Gre-Nal. Nem para Inter, nem para Grêmio.


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