| 26/06/2009 13h10min
Trata-se de uma voz insuspeita. É uma voz do outro lado, e sabe como são todos os episódios envolvendo a dupla Gre-Nal. E também não é uma voz qualquer. É a voz de um dirigente que, além da credibilidade nacional conquistada ao revolucionar o Inter e lotá-lo de títulos, ainda tem no currículo uma relação fraterna no Clube dos 13 com Fábio Koff, o homem que fez o mesmo no Grêmio. Um voz insuspeita, enfim.
Fernando Carvalho concorda com o Grêmio no episódio envolvendo racismo no Mineirão, no qual o volante Elicarlos acusou o argentino Maxi López de chamá-lo de "macaco", numa referência pejorativa ao fato de ser negro.
O presidente do Inter campeão do mundo em 2006 entende que os dirigentes do Cruzeiro extrapolaram no episódio, emprestando a um incidente corriqueiro de campo uma dimensão dramática
inexistente. Ontem, antes do primeiro jogo da final da Recopa, contra
a LDU, ele concedeu entrevista transmitida ao vivo em conjunto pelo site de Zero Hora (www.zerohora.com) e clicEsportes (www.clicesportes.com.br).
Entre outros assuntos tratados — inclusive uma notícia exclusiva: Carvalho dará entrevista coletiva para apresentar um dossiê com erros de arbitragem em favor do Corinthians na Copa do Brasil — abordou a polêmica que do Mineirão.
Antes, pediu licença para entrar em um assunto do rival, o que sempre pode render algum dissabor ou interpretação fora do lugar. Depois, opinou. Não havia necessidade, na visão de Carvalho, do tom de denúncia. E, ao final da partida, a confusão teria sido menor se os dirigentes do Grêmio deixassem o argentino prestar rapidamente o seu depoimento à polícia mineira, quem sabe evitando o tumulto em torno do ônibus. Mas ali, ressaltou o vice de futebol do Inter, a confusão já caminhava
para o tom espetacular, com transmissão ao vivo
pelas emissoras de TV, dificultando qualquer tipo de ação mais racional.
— Todo mundo já jogou pelada na rua e sabe como isso funciona. Os xingamentos saem ao natural, a maioria deles no calor da disputa. Se vocês vissem o vocabulário que se usa no vestiário de um time de futebol, aposto que iam se escandalizar. Me parece que houve um superdimensionamento do caso — afirmou Fernando Carvalho, referindo-se ao Cruzeiro.
A opinião de Fernando Carvalho é um elemento novo para o debate, que precisa ser levado com o máximo de serenidade possível, para evitar ânimos violentos no jogo da volta, quinta-feira próxima, no Olímpico.
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