| 11/05/2009 09h55min
A imprensa nacional e internacional se rende ao talento de Nilmar nesta segunda-feira, após o golaço contra o Corinthians, no Pacaembu, domingo. Um dos jornais mais importantes do Brasil, a Folha de S. Paulo coloca o atacante do Inter como sua principal foto de capa. O texto diz que Nilmar voltou a dar prejuízo ao time que defendeu entre 2005 e 2007.
"Ex-jogador corintiano, Nilmar enfrentava pela primeira vez o time paulista desde que deixou o Parque São Jorge, em 2007. Sua saída foi marcada por ações judiciais e na Fifa, que geraram dívidas de mais de R$ 20 milhões ao Corinthians. Na volta do time à Série A do Brasileiro, Nilmar voltou a causar prejuízo aos corintianos. Sua habilidade fez diferença diante de um Corinthians sem os mesmos recursos técnicos."
Por sua vez, o Estado de S. Paulo afirma: desta vez, o fenômeno foi Nilmar.
"O corintiano, acostumado a aplaudir as pinturas de Ronaldo, teve dia de reverência a Nilmar. Até Mano. 'O bom cabrito não berra, não chora. Quando é a favor a gente vibra, do outro lado...', se conformou", diz a matéria.
Já o site Globoesporte.com chama o craque do Inter de "Nilmaradona", em provável alusão ao gol que o argentino fez na Copa de 1986, após arrancar em velocidade e driblar vários adversários.
"Da boca do túnel que leva aos vestiários, o craque pentacampeão (Ronaldo) viu o atacante colorado enfileirar seis alvinegros até o toque preciso no canto esquerdo, sem chances para Felipe.
Depois disso, Ronaldo voltou ao estacionamento e foi embora. Ninguém sabe se para comprar um ingresso
pela pintura que presenciou ou se voltou a seu apartamento para rever pela televisão o mágico lance", diz o site.
Fora do país, o gol também repercutiu. O italiano Gazzetta dello Sport publicou uma matéria extremamente elogiosa. Sob o título "De um Fenômeno a outro", o texto lembra o interesse de Palermo no jogador e diz que, hoje, Nilmar é seguramente o atacante mais completo do Brasil.
"Gol de fenômeno mas não do Fenômeno. Com Ronaldo fora, Nilmar rouba a cena e decide com seu gol a partida entre Corinthians e Inter. Um gol digno da coleção de Ronaldo, partindo pouco depois do meio-campo e enfileirando toda a defesa do time de São Paulo".
Até o site da Fifa mencionou o
gol. A matéria sobre a rodada das ligas nacionais pelo mundo coloca o jogo do Pacaembu em destaque:
"O único gol da partida foi um esforço brilhante de Nilmar, que bateu cinco oponentes em seu caminho".
Confira o gol em gráfico:
Horas depois, junto à família no sobrado do bairro Jardim União, em Bandeirantes, a mãe assistia ao filho marcar o gol mais bonito do início do Brasileirão, o da vitória de 1 a 0 do Inter sobre o Corinthians, no Pacaembu.
Desde quando saiu de casa para integrar as categorias de base do Inter, Nilmar nunca mais passou o Dia das Mães ao lado de dona Marisa. Sempre envia joias,
relógios ou outros mimos pelo correio.
A ideia era a família se encontrar em São Paulo. Mas seu
Nilton, o pai, achou que talvez fosse perigoso ir ao Pacaembu. Marisa estava no restaurante Rancho da Invernada com 12 familiares quando o atacante fez o telefonema. Mais tarde, já no aeroporto, Nilmar ligou para saber se a mãe havia assistido ao gol.
— Eu disse: “Igual a esse não vai ter mais” — contou Marisa, à noite, por telefone.
O gol também foi especial para Eduardo Guimarães, sogro do jogador. Ele e quatro amigos de infância estavam na arquibancada. Paulinho, Daniel Babão, Joãozinho e Vinícius Chicabina pegaram a estrada às 5h30min, encararam 434 quilômetros de estrada e chegaram ao Pacaembu ao meio-dia. O quarteto é um dos mais íntimos de Nilmar — Chicabina é primo do atacante. Fazem parte de um time de Bandeirantes. Muitas vezes, passaram férias juntos no Costão do Santinho Resort, com despesas custeadas por Nilmar. Babão se formou em Direito há alguns meses. Teve a faculdade paga pelo jogador.
— Eles são gente humilde, imagina a alegria
deles depois daquele gol — comenta
Guimarães.
Quando Nilmar driblou seis adversários e concluiu para fazer o gol, Guimarães se lembrou de outro momento histórico do seu Inter. A vitória do Inter sobre o Corinthians, pelo mesmo placar, naquele mesmo Pacaembu, em 28 de maio de 1967: pela primeira vez um time gaúcho vencia em São Paulo. O sogro já viu a chuteira com a qual Lambari fez aquele gol de 1967 no museu do Inter.
Mas o que tornou aquele dia mais especial era o aniversário Helena, mãe de Guimarães, colorada fanática, morta há 14 anos. Agora, voltar a assistir ao “quase filho” marcar gol antológico justamente no dia das mães, voltou a emocioná-lo.
— O gol valeu o ingresso, pegar chuva, a viagem, tudo — afirmou.
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