| 25/04/2009 19h13min
Quando Silas assumiu o comando do Avaí, no meio do Catarinense do ano passado, muita gente não acreditava no seu trabalho. Falou-se até que esquentaria o banco para Zetti. Passado pouco mais de um ano, o treinador levou o Leão à Série A e à Copa do Brasil e, a partir deste domingo, tenta conquistar o título do Estadual — o que não acontece desde 1997.
Nesta entrevista, o treinador fala dos processos vitoriosos à frente do Leão, como o lançamento de jogadores da base, conta como estuda o adversário e elogia a força da torcida azurra.
Diário Catarinense — Quando você chegou ao Avaí, imaginava que colocaria o time na Série A, na Copa do Brasil e disputaria a final do Catarinense?
Silas — Ainda que muita gente não veja, os processos vitoriosos são, para mim, tão importante quanto ter ido à Série A, à Copa do Brasil e ter conquistado um título de turno, que não acontecia fazia tempo.
Quais são estes processos vitoriosos? O Medina, o Cristian, o
Juninho, os meninos da base que foram à Europa. Não vejo um técnico de futebol vitoriosos somente quando ganha um título, mas quando consegue trazer dinheiro ao clube e lançar jogadores. Se a gente tivesse sido eliminado pelo Metropolitano (no returno), tendo quase 15 pontos à frente, tudo isso, de repente, cairia por terra. Da mesma forma, fico contente por trabalhar num clube onde o presidente (João Nilson Zunino) é presente no meu trabalho e é capaz de receber uma afronta e conseguir olhar com uma visão de futuro para isso.
DC — O que você fala para os jogadores nesta semana?
Silas — Agora é receber o prêmio por todo o trabalho. Só um vai ganhar, e esperamos com confiança que seja o Avaí. Mas também temos que tirar o chapéu para o Mauro Ovelha. Com menos recursos, ele conseguiu fazer um trabalho extraordinário. E, ganhado o título ou não, os atletas da Chapecoense vão se colocar em times de Série B ou, talvez, da Série A.
DC — O que dá para fazer de diferente agora?
Silas — Agora é no detalhe. Acredito que é hora que todo jogador espera e é hora do grande jogador aparecer. Esperamos que tudo o que o Avaí vivenciou, porque viemos de final desde a metade da Série B do ano passado, depois lutamos para chegar ao quadrangular, que tudo isso sirva de experiência. Dentro do campo não vai ser diferente de como entramos nos outros jogos, mas a repercussão sim. Agora é coração a mil e a cabeça fria _ quem tiver mais isso, leva o campeonato.
DC — Como você estuda o adversário?
Silas — Eu tento até, como exercício pessoal, me desligar. Porque se eu acordar às 4 da manhã e pensar na partida, não durmo mais. Algumas coisas são insights, flashes que vêm para te ajudar. Às vezes falo para o Paulo (auxiliar técnico, seu irmão) ou para qualquer um: "Não esquece isso que tenho que trabalhar". Estou feliz pelo Paulo ter sido um zagueiro que jogou no Porto, no Benfica, no Gênova, no México, que conhece bem o lado defensivo. O fato de a gente ter a melhor defesa tem muito a contribuição dele. Ele é detalhista, vejo ele conversando com cada zagueiro, tentando entender porque tomamos um gol. Quando delega estas funções a carga fica menos pesada. No futebol americano tem um treinador para o ataque e um só para a defesa. É legal trabalhar em conjunto, mas, às vezes, separado.
DC — Que falar para o torcedor nesta hora, que está há 11 anos sem o título do Catarinense?
Silas — O torcedor tem sido um parceiro. Na hora boa e, principalmente, nas horas difíceis. A gente pediu para o torcedor ser o 12º jogador, para ele ajudar a transformar a Ressacada em um caldeirão, como o Sport fez na Ilha do Retiro. E qual foi o resultado? Ficamos um ano e dois meses sem perder na Ressacada. A virou muitos jogos com a ajuda do torcedor. E vai chegar um momento que a coisa não vai sair como a gente espera. E o torcedor verdadeiro vai ser como a do São Paulo, que perdeu para o Corinthians depois de muito tempo, mas que ficou cantando o hino do clube. Às vezes você faz tudo certo e dá errado. Às vezes faz errado e dá certo. Essa é a mágica do futebol.
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