| 24/04/2009 15h42min
Desde ontem, quando soube-se do interesse do Atlético de Madrid pelo meia argentino D'Alessandro, o Inter tem um inimigo. Não adversário. Inimigo. De morte. Um homem que pode, com um simples canetaço, deflagrar o esfacelamento prematuro do time cujas goleadas em série nestes dias de outono estão enchendo a cabeça do torcedor dos sonhos mais promissores. Então, os colorados devem torcer desde já contra o seu grande inimigo: Diego Armando Maradona.
Se "El Diéz" — os argentinos o chamam assim até hoje, como se o número 10 fosse um entidade celestial, e talvez seja mesmo, para eles — convocar D'Alessandro para a seleção
argentina, estará feito o estrago. Aí vai-se o armador canhoto que põe o Boca Juniors no bolso na Bombonera, como aconteceu na
Copa Sul-Americana do ano passado. Aí será impossível mantê-lo no Beira-Rio.
Lembro bem de uma conversa demorada que tive com o técnico Tite sobre D'Alessandro. Foi no Aeroporto da Cidade do México, pouco antes do embarque para Guadalajara, onde o Inter enfrentaria o Chivas sem ele, pelas semifinais da Sul-Americana. Em tempos de treinos fechados, os atrasos nos voos tornaram-se a única chance de engatar uma conversa mais íntima com treinadores. Na falta do que fazer, a conversa sempre é boa aliada.
O desconsolo de Tite ao ter que montar o time para um jogo decisivo sem D'Alessandro era nítido. Ainda em Porto Alegre, o argentino teve indisposição estomacal e nem viajou. Pena não haver registro de imagem da cena do técnico imitando com o corpo a habilidade do argentino para reter a bola:
— Ele é a cadência, a retenção de bola, a virada de jogo, o vértice das triangulações, o toque de bola — suspirou Tite, depois de revelar que implorou por um armador
quando a certa altura do Brasileirão
o Inter deixou o Atlético-MG empatar um jogo ganho ao não conseguir livrar-se das ligações diretas da zaga para o ataque.
Naquele jogo em Guadalajara, com Andrezinho, o time suportou bem a ausência de D'Alessandro. Mas havia Alex, que trouxe o jogo para o seu colo e resolveu tudo. Agora não há mais Alex para ajudar no meio-campo. Andrezinho, com todo o respeito a Andrezinho, não é D'Alessandro. É Andrezinho. Portanto, D'Alessandro é insubstituível. Se Maradona convocá-lo, a vitrina da seleção argentina vai atiçar os clubes europeus. Mesmo com a crise financeira, não faltará alguém para provocá-lo com alguns milhões de euros.
Portanto, desde ontem, o Inter tem inimigo.
E que inimigo.
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