| 23/04/2009 09h16min
Medalha de ouro nos Jogos de Barcelona/92, o ex-jogador Tande acredita que crise no vôlei feminino brasileiro acendeu a luz vermelha. Depois do fechamento do Osasco, anunciado no fim da noite de segunda-feira, nesta quarta veio a confirmação do corte do patrocínio da Brasil Telecom no Brusque (SC). O ex-jogador, no entanto, pensa como o presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, Ary Graça, e não vê motivo para pânico. Por outro lado, o técnico do Brusque, Maurício Thomas, diz que o momento é preocupante.
– A ameaça é real. No masculino, a Ulbra ainda não se posicionou. No feminino, temos a perda do patrocínio da Medley no Banespa. E o Minas já jogou com a base – explicou o treinador, cujo contrato se encerra no fim do mês.
Em entrevista por telefone desde Brusque, onde ficará até segunda-feira, Thomas contou que jogadores e comissão técnica foram avisados da dissolução do time no dia da primeira semifinal contra o Rio de Janeiro. Ouviram que de nada adiantaria conquistar o campeonato. Mesmo com o ambiente abalado, venceram o time tetracampeão da Superliga. Para o técnico, foi uma maneira de o grupo de 14 atletas mostrar serviço.
Segundo Thomas, a preocupação recai sobre as jogadoras com menor ranqueamento, já que as de nível de seleção deverão achar emprego em outros times ou no Exterior. Tande vê problemas em potencial justamente na seleção.
Avalia que conflitos de calendário – no caso das atletas saírem do país – ou dificuldade para encontrar clube podem atrapalhar o desempenho. Argumenta que uma jogadora sem emprego ficaria o tempo todo ao lado do telefone, esperando uma ligação.
Finasa investia R$ 12 milhões por temporada no Osasco
A questão é a alta quantia de dinheiro em jogo. Manter uma campeã olímpica chega a custar R$ 500 mil por temporada – no Osasco, o patrocínio alcançava R$ 12 milhões. Gerente de esportes da Cimed, o ex-jogador Renan Dal Zotto tenta arrumar R$ 2 milhões para o vôlei em Brusque, com o qual mantém vínculo.
O time entraria com R$ 600 mil – nesta temporada, os salários variavam entre R$ 5 mil e R$ 20 mil. Tudo porque no vôlei feminino haveria outro nível de exigência, diz o supervisor do time masculino do Bento Vôlei, Clemente Mieznikowski:
– O feminino tem essa situação de entrar para ser campeão. Isso vai ter que recuar.
Nos próximos três meses, o Comitê de Estratégia da Superliga avaliará soluções para a crise. Terá de superar, entre outras barreiras, a insatisfação dos patrocinadores com o pouco retorno do investimento.
Perguntas e respostas
Haverá Superliga 2009/2010?
Sim. O presidente da CBV, Ary Graça, garantiu a continuidade das competições masculina e feminina.
Quando começa a Superliga?
O calendário ainda não saiu, mas deve ser em outubro ou
novembro.
O que pode mudar?
O ranqueamento. O sistema hoje divide as jogadoras em categorias com pontuação de 1 a 7, sendo que
nenhum time pode ter mais de duas atletas nível 7 ou superar 32 pontos. A CBV avalia mudança nestas regras para evitar que jogadoras do Osasco e do Brusque fiquem sem emprego.
Por que os patrocínios acabaram?
Além dos efeitos da crise mundial, contam mudanças estruturais nas empresas (a Brasil Telecom agora é da Oi) e retorno do investimento.
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