| 23/03/2009 16h42min
A nove dias do jogo da Seleção Brasileira em Porto Alegre contra o Peru, o técnico Dunga participou do Painel RBS na tarde desta segunda-feira. Durante uma hora e meia, ele foi entrevistado pelos jornalistas David Coimbra, Pedro Ernesto Denardin e Maurício Saraiva, com a mediação de Paulo Brito. O treinador Dunga disse que sente um bom ambiente na Capital para a partida do dia 1º e pediu o apoio dos gaúchos.
– Jogar Eliminatórias é mais difícil que jogar uma Copa do Mundo. Quando você joga fora de casa contra Paraguai, Chile, Bolívia, é um país inteiro que se une para enfrentar o Brasil. Quando a gente joga no Brasil, há uma série de restrições e polêmicas, isso cria circunstâncias que dificultam um pouco. (...) O povo gaúcho cobra, mas apoia a Seleção. Sempre nos apoiou em todos os momentos. É a Seleção do Brasil, tem que estar ali para torcer, para apoiar, para levar o Brasil para a Copa do Mundo o mais rápido possível – afirmou.
Bom-humor
Bem humorado, Dunga riu, contou história e falou sobre vários aspectos do futebol. Só não quis adiantar uma escalação para os compromissos pelas Eliminatórias. Segundo ele, todos os jogadores do grupo que são gaúchos ou que tem alguma ligação com o Rio Grande do Sul têm chances de estar em campo no Beira-Rio.
– Tenho na cabeça que time eu gostaria de botar no jogo, mas agora depende de como eles vão chegar, se alguém está com algum problema físico. Eu chego com o time na cabeça, me reúno com a comissão técnica, depois vou em cada jogador, vejo quem está bem, com ritmo de jogo e aí sim defino – explica Dunga.
Time titular
A Seleção se apresenta no Rio de Janeiro nesta terça, joga no Equador domingo e depois segue para Porto Alegre. O técnico disse ainda que ninguém tem lugar cativo no time:
– Quando eu não convoquei o Ronaldinho, eu era louco. Agora que eu convoquei, ouço que estou defendendo ele. O jogador tem lugar cativo quando entra no campo e rende. A grande verdade é o campo, é ali que se decide. Ele começa a ganhar o direito de jogar quando entra em campo e resolve.
Conhecido pelo seu estilo guerreiro e defensivo dos tempos de jogador, Dunga afirmou que sua ideia de futebol brasileiro é ofensiva.
– O Brasil tem que jogar atacando o adversário. A gente perdeu um pouco a nossa virada de jogo, que sempre foi uma característica nossa. Começamos a jogar muito curto, temos a tendência de afunilar o jogo. Perdemos aquele homem que vira a bola. Porque o jogo é pelos lados, isso não é de hoje. Desde 1940 é mais fácil jogar pelo lado, onde fica um contra um e a qualidade do futebol brasileiro pode aparecer.
Dunga cita Walter
Entre diversos temas abordados, alguns deles polêmicos, Dunga afirmou que as seleções de base servem para ganhar experiência, e que não são uma exigência da CBF, mas da Fifa. Afirmou que o clube que não quiser que o seu jogador seja convocado, precisa apenas solicitar. Segundo ele, isso vale também para jogadores profissionais. Neste ponto, ele citou o atacante do Inter Walter, que voltou do Sul-Americano Sub-20 com vários jogos internacionais de experiência.
Dunga sustenta que dá oportunidades para todos os jogadores que convoca, seja em amistosos ou jogos oficiais. Elogiou a recuperação do atacante Ronaldo, mas disse que tem que dar tempo para ele voltar à sua melhor forma. Contou que já observava Felipe Melo muito antes da convocação e relatou um pouco da sua rotina de técnico:
– Busco informação de todas as maneiras. Tem um site alemão que me dá informação de diversos jogadores, que é muito usado na Europa. Tenho canais a cabo internacionais, pay-per-view de vários campeonatos.
Treinador se emociona
No fim do debate, Dunga comentou as críticas que recebe e também que faz à imprensa. Na maioria das respostas, o técnico havia reclamado de alguma situação que considera injusta. Ele disse ainda que não guarda mágoa da época em que foi massacrado após o fracasso da Seleção na Copa de 1990.
– Quem sente mágoa são eles. Sofri quatro anos, eles sofrem a vida inteira. Eu sou campeão do mundo, eles não são. A pressão que senti em 90, nenhum ser humano vai sofrer. Mas vou falar algo aqui que nunca falei. Não existe maior pressão do que a que a minha mãe sofre. Meu pai tem Alzheimer há oito anos e ela está sempre ali. Se ela não fraqueja, eu não vou fraquejar – disse Dunga, que terminou com os olhos marejados e aplaudido.
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