| 22/03/2009 13h19min
Sentado no Aeroporto Internacional de Donetsk, na Ucrânia, Paulo Paixão esperava na sexta-feira o voo de volta para Moscou. Seu CSKA havia levado 2 a 0 do Shakhtar na véspera e caído na Copa da Uefa.
Eram 19h45min de ontem (horário local) e o termômetro marcava temperatura próxima a 0°C quando o preparador da Seleção atendeu ZH.
Nos próximos dias, quando desembarcar em Porto Alegre, espera encontrar o mesmo clima acolhedor que recebeu o Brasil em 2001 e 2005:
– Quero ver novamente as ruas e as pessoas pintadas de verde-amarelo. Aquele apoio incondicional.
Paixão está convencido de que a recepção calorosa dos gaúchos à Seleção é determinante. Multicampeão por Inter e Grêmio, fala com a autoridade de quem conheceu muito mais vitórias do que derrotas. Diz que as boas vibrações enviadas pela torcida influenciam o desempenho do
time:
– Sentimos a energia quando saímos da concentração,
olhando as pessoas pelas janelas do ônibus. Aquilo é fundamental para o jogador.
Paixão está otimista neste retorno ao Estado. Acredita que a Seleção vive excelente momento e pede voto de confiança ao trabalho de Dunga.
– O Dunga é uma pessoa séria, que tenta fazer o melhor. Tivemos boas atuações nesta Eliminatória, estamos vindo de um amistoso excepcional contra a Itália (vitória de 2 a 0). Alguns ainda dizem que nas Eliminatórias não estamos bem. Como não estamos bem? – questiona.
Paraíba lembra dos gremistas
Marcelinho Paraíba havia trocado o Grêmio pelo Hertha Berlim semanas antes quando voltou ao Olímpico para defender a Seleção, em 2001.
– Lembro da festa da torcida na chegada ao Olímpico, com muitos fogos. Foi inesquecível – garante.
Aos 33 anos, na expectativa de estrear neste domingo pelo Coritiba, Marcelinho lembra de ter sido decisivo no 2 a 0 do Brasil
sobre o Paraguai. Não apenas por fazer o primeiro gol aos quatro minutos. Mas porque
ainda tinha Porto Alegre como sua casa. Queria manter a boa impressão junto aos gaúchos, principalmente os gremistas, que o idolatravam.
Claro, havia muita pressão. Ninguém queria entrar para história como parte da primeira Seleção Brasileira a não se classificar para uma Copa do Mundo. Para aliviar a tensão, as palavras do técnico Luiz Felipe Scolari foram importantes. Felipão garantiu que, mesmo se o Brasil levasse um gol, os gaúchos manteriam o apoio.
– Ele disse para ficarmos tranquilos. O Paraguai sentiu ao encontrar o estádio lotado. Qualquer adversário treme na base – lembra Marcelinho.
Uma faixa ainda emociona Tinga
Tinga tinha 23 anos e estava em sua primeira convocação. O país desconfiava da equipe de Felipão, e o momento não podia ser pior. Diante de tanto nervosismo naquela noite do dia 15 de agosto de 2001, Tinga se tranquilizou ao pisar no gramado:
– Quando entrei no
gramado tinha uma faixa muito grande. Estava escrito “Tinga, teu povo te
ama.”
Em situação delicada nas Eliminatórias, de 2002, a Seleção havia escutado vaias nos jogos anteriores em casa. Por isso, quando os jogadores fizeram um círculo no gramado antes do jogo, o zagueiro Roque Júnior deu recado ao pé do ouvido para Tinga:
– “Ô, Tinga, aqui é tua casa! Se der cinco, 10 minutos e a torcida vaiar, vá à beira do campo e pede apoio”.
Foi o que deu confiança ao volante. O pedido de Roque foi desnecessário. O Rio Grande do Sul abraçou a Seleção numa campanha que uniu até os técnicos da dupla Gre-Nal. Tite, na época no Grêmio, e Carlos Alberto Parreira, no Inter, se reuniram com Felipão e pediram o apoio dos gaúchos em rádios, jornais e TVs. Tite foi adiante e deu uma dica a Felipão, como contou nesta semana:
– Ele tinha dúvida sobre quem faria função de marcação, Rivaldo ou Marcelinho. Disse que o Marcelinho (seu jogador até algumas semanas) marcaria mais do que Rivaldo.
Tite estava certo.
Marcelinho marcou, fez um gol e foi destaque da noite.
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