| 14/11/2008 07h33min
Depois da euforia por vaga na Libertadores de 2009 em caso de título da Sul-Americana, instalou-se um clima de cautela, quase medo. A delegação do Inter no México receia os efeitos negativos de reversão de expectativa. Sem falar no pânico pelo clima de “já ganhou”.
Em tese, no dia 21 a Fifa irá anunciar a suspensão da Federação Peruana, devido à sindicância instalada pela Conmebol. O país perderia as três vagas na Libertadores, que seriam ocupadas por Peñarol, Independiente e Santos. Como o time uruguaio já está classificado via campeonato nacional, o campeão da Sul-Americana assumiria.
Três dias depois, no dia 25, o anúncio oficial seria feito na reunião do comitê executivo da Conmebol, em Assunção, no Paraguai. Horácio Lázaro, dono da Sport Art, empresa que detém os direitos do torneio em parceria com a Torneio y Competência, confirmou a notícia:
– A Fifa só não vai suspender os peruanos se mudar de idéia – afirmou Horácio a ZH. – Mas não era para ter vazado. Isso atrapalhou.
O Inter segurou a informação por uma semana. A notícia chegou antes do jogo contra o Boca, no vestiário da Bombonera, por meio da Sport Art. Outros clubes, agora, pressionam contra a idéia, alegando virada de mesa. No México, comenta-se que o Grêmio é um deles.
– Virada de mesa houve com o Grêmio, que voltou à Primeira Divisão no canetaço na primeira vez em que caiu – rebateu o presidente Vitorio Piffero, ao saber das críticas do vice gremista, André Krieger.
A hipótese de retorno à Libertadores, associada aos 2 a 0 sobre o Chivas, propagou euforia entre os jogadores. E isso preocupa.
– Falta um pouco ainda, mas tem um cheiro de título, por tudo o que fizemos até agora – afirmou Alex.
Por isso, o clube deflagrou a operação anti-salto alto. Ainda no vestiário de Jalisco, depois da vitória e da reza, o técnico Tite e o ex-presidente Fernando Carvalho discursaram aos jogadores. Pediram humildade.
Em seguida, Tite concedeu entrevista só para os mexicanos e fez elogios ao Chivas. Falou em respeito e nominou quatro ou cinco jogadores para provar como valoriza o adversário. Lembrou um detalhe: a história do jogo poderia ser outra se Arellano não tivesse perdido gols.
Na quinta, Carvalho, o vice Giovanni Luigi e o presidente Vitorio Piffero combinaram de não falar nos planos para 2009 e uma futura Libertadores.
– Os colorados são assim, apaixonados. Criticam quando perde e, numa vitória como essa no México, tendem ao oba-oba. O vazamento da chance na Libertadores não é boa neste momento.
A tal história só devia vir a público no dia 25.
Jogadores pensam alto
A direção pode estar cheia de dedos com as conseqüências do vazamento da notícia da presença do campeão da Sul-Americana na Libertadores de 2009. Mas os jogadores não têm tanto receio de tocar no assunto. Alex chega a afirmar: a disputa de uma competição com visibilidade é ingrediente forte na hora de recusar proposta do Exterior.
Este, na verdade, também é o pensamento da direção. O planejamento de 2009 passa pela presença na Libertadores. Até Ilsinho, ex-São Paulo, está nos planos. Segundo o lateral-esquerdo Marcão, para buscar reforços no Brasil, tudo fica mais fácil. Na opinião geral, os jogadores dão preferência a clubes da Libertadores.
– Vai ajudar a direção a trabalhar para manter a base e segurar o Alex, o Nilmar. A América Latina inteira vê a Libertadores. E alguns jogos vão para a Europa – diz Marcão, cujo contrato vai até o fim do ano que vem.
– Eu ficarei de qualquer jeito. Já decidi isso com minha família. Mas com Libertadores é melhor, fenômeno – sorri Guiñazu.
Até mesmo Alex, que nunca escondeu o desejo de sair para a Europa, surpreendeu.
– Não vou negar que ajuda na decisão de ficar, ao saber que o calendário será forte em 2009 – afirmou o meia, que admitiu o otimismo para ser campeão da Sul-Americana.
ZERO HORA
Fernando Carvalho e Vitorio Piffero querem evitar o oba-oba na delegação do Inter
Foto:
Diogo Olivier
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