| 06/05/2008 09h22min
Ainda frustrado com a perda do título gaúcho, e mais ainda com a acachapante goleada de 8 a 1 sofrida para o Inter, no Beira-Rio, o técnico Zetti também não conseguia encontrar explicação para o que ocorreu domingo. Para ele, o Inter teve uma atuação de gala, na qual de 12 situações criadas, aproveitou oito. O comandante também salientou que o Juventude mostrou-se desequilibrado já após sofrer o primeiro gol, aos 25 minutos do primeiro tempo. Ontem à noite, o treinador concedeu entrevista exclusiva ao Pioneiro, no Hotel Mabu, onde mora.
Pioneiro – O que você pensou para a partida que não deu certo?
Zetti – Eu queria achar essa explicação. Foi feito tudo o que havíamos planejado. Já sabíamos que os pontos fortes do Inter eram as jogadas com o Guiñazu e o Alex. Pedimos que fosse feita uma marcação especial sobre eles. Na verdade, o Inter teve 100% de aproveitamento, em seis minutos de jogo. Até lá, o jogo estava equilibrado. Senti que o nosso
lado direito estava fragilizado.
Após sofrer o primeiro gol, a equipe se desequilibrou. Agora, é bom salientar que o Inter teve 100% de aproveitamento, que, aliado a nossas falhas de marcação, resultou no desastroso placar. As ausências do Renan, que vinha fazendo uma boa parceria com o Juan (Pérez), e do Márcio Alemão, eficiente no bloqueio das bolas aéreas, também contribuíram para o insucesso. Mas não tenho como dizer por que aconteceu tudo isso. Foi tudo planejado como deveria. O jogo não fluiu para o nosso lado.
Pioneiro – O que você pretendia com a entrada do Leandro Cruz, aos 40 minutos?
Zetti – O Leandro vinha de dois meses sem jogar. Estava mostrando dificuldades para jogar 70, 80 minutos e eu precisava contar com uma marcação forte no meio. Por isso, optei pela entrada do Hélder no setor. Infelizmente, senti uma fragilidade, desde o começo do jogo, no nosso lado direito com o Elvis. Ele não estava conseguindo conter os avanços do Alex, bem como o Hélder as investidas do
Guiñazu. Isso me forçou a
colocar o Leandro.
Pioneiro – O que ocorreu com o time entre os 25 e os 37 minutos, período em que o Inter abriu a vantagem 4 a 0?
Zetti – Foi um jogo atípico. Esses quatro gols saíram de quatro bolas paradas. Foi o lateral, a falta e as duas bolas alçadas na área. Não deu tempo para que nós botássemos a bola no chão e trabalhássemos melhor. Não tem explicação. Foi mérito do Inter. O que posso dizer é que o time não se apresentou bem, enquanto que o Inter teve uma atuação de gala durante os 90 minutos.
Pioneiro – Por que colocar o Zezinho, 16 anos, Aos 42 minutos do segundo tempo?
Zetti – O Zezinho era o único que havia jogado de lateral-esquerdo, na seleção sub-17. Não tinha outro para a posição em função do desgaste físico do Márcio (Goiano).
Pioneiro – Como foi a preparação para essa partida?
Zetti – Preparação normal. Não teve nada
que fugisse à normalidade. Teve a bateria de fogos, teve. A gente sabia que isso iria
acontecer. Foi feito uma alerta quanto a isso junto à Federação e ao policiamento. Mas não é isso que tira a concentração. Simplesmente, nada deu certo.
Pioneiro – Como foi a preleção antes da entrada em campo? Você sentiu algum jogador inseguro?
Zetti – Foi feito um discurso normal, especial pela circunstância do jogo. Foi passado um vídeo, foram dadas maiores orientações sobre como deveria ser o posicionamento da equipe em campo. Não tem como descobrir o que acarretou essa fatalidade. Como conseguimos tomar oito gols em uma partida. Mas não dá para avaliar a reação de cada um dos atletas. Cada pessoa sente o clima de uma decisão de uma forma. Não tem como indicar. Foi um jogo diferenciado e atípico, em que prevaleceu a superioridade do Inter.
Pioneiro – O que ocasionou o atraso do Juventude, perdendo, inclusive, o protocolo do Hino Nacional?
Zetti – Aconteceu.
Talvez pelo fato de o jogo ser especial, nos passamos no horário. Ninguém
se preocupou com o horário. Ninguém se preocupou com o fato de entrar antes ou não, apenas em entrarmos preparados para encarar a partida.
Pioneiro – Como foi o discurso do intervalo, quando o Juventude já estava perdendo por 4 a 0? O que ainda poderia ser feito?
Zetti – É difícil. Procurei elevar a moral dos atletas da forma que foi possível. Sofremos quatro gols muito rápidos. É difícil você conseguir se reabilitar em cima disso. Procurei passar aos jogadores que eles não tinham que se preocupar em reverter o resultado, mas sim em fazer um belo espetáculo.
Pioneiro – A vantagem de jogar pelo empate conquistado em Caxias fez com que o Juventude entrasse de salto alto em Porto Alegre?
Zetti – De maneira alguma. Todos entraram conscientes da responsabilidade que cercava essa partida. Em nenhum momento isso foi passado ou pensado que estava acontecendo. Tive um
cuidado, ao longo de toda a semana que antecedeu a partida, para que o grupo
não deixasse de ficar focado na importância desse jogo. O que aconteceu foi, repito, uma apresentação perfeita e envolvente do Inter. Se você pegar os números do jogo, você verá que, de 12 oportunidades a gol, o Inter acertou oito. Essa é a explicação.
Pioneiro – O que passou pela sua cabeça antes do final do primeiro tempo, quando viu que estava, mais uma vez, perdendo um título na carreira?
Zetti – Eu sei como é chegar em uma final. De 2004 a 2008, em quatro anos de trabalho, cheguei em quatro finais, levando o Fortaleza à Série A do Brasileirão. Tais fatos também devem ser ressaltados. Agora, claro que é diferente você chegar em uma final contra um time qualquer do que contra um Palmeiras ou um Inter. É uma dificuldade muito grande. Mas, por um lado, estou feliz por ter colocado o Juventude, com tão pouco tempo de trabalho, na final. Por outro, frustrado e triste pela forma como fomos derrotados na decisão deste
título.
Pioneiro – Após essa derrota, como você
avalia o atual grupo do Juventude?
Zetti – Apesar de ter chegado há pouco no clube, é certo que uma derrota dessas não pode passar em branco. Algumas mudanças, acredito, terão que ser realizadas. Como já estão acontecendo com as vindas de alguns reforços, como o Xuxa e outros atletas que não puderam ser utilizados nesta final.
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