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 | 14/12/2007 00h03min

Felipão diz que não pensa na Seleção Brasileira

Técnico pentacampeão visitou o Criciúma e proferiu palestra motivacional

Sentindo-se em casa e disposto a passar um recado de obstinação, o técnico de Portugal Luiz Felipe Scolari visitou Criciúma nesta quinta-feira para proferir uma palestra motivacional a convite da Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil (ADVB). Antes do compromisso, Felipão foi recepcionado pelo amigo e diretor-presidente do Tigre, Moacir Fernandes, para lembrar os bons tempos de 1991, quando "filava uma bóia" na residência do dirigente.

Após saborear um cardápio que variava entre nacos de picanha a porções de camarão ao catupiry, e acompanhamentos, o técnico pentacampeão mundial pelo Brasil em 2002, concedeu entrevista coletiva e abordou assuntos do passado, como a conquista da Copa do Brasil; do presente, como a situação dos clubes catarinenses; e do futuro, como as chances de Portugal na Eurocopa 2008, que será disputada em junho na Suíça.

Diário Catarinense – Nesta sexta-feira temos eleições no Criciúma. Qual o recado que você passaria para os integrantes do Conselho Deliberativo?
Luiz Felipe Scolari – Eu sempre digo e friso nas minhas palestras que em termos de pessoa, honestidade, seriedade, eu conheci poucos como o Moacir (Fernandes). Eu tenho o Moacir como exemplo porque tive aqui uma das passagens mais corretas em termos de profissionalismo. Aqui ainda existe um clube porque alguns são abnegados e sei que um desses "alguns" é o Moacir. De vez em quando ele é muito sério, não dá um sorriso, é muito duro, mais do que de vez em quando (risos), mas continua o mesmo. É uma pessoa que nunca esqueci, porque é assim que deve ser a vida, encarada com muita seriedade.

DC – Você conhece a nova comissão técnica do Criciúma? O que você pode falar deles?
Scolari – O Gilson "Cabeção" (Maciel) foi meu centroavante no Grêmio. É uma ótima pessoa e vai ficar brabo comigo porque falei em Cabeção. O Leandro (Machado) vem fazendo bons trabalhos dentro do Rio Grande do Sul. O Criciúma é uma equipe que tem visibilidade e dá uma possibilidade de despontar no cenário brasileiro. É bom que eles tenham vontade e que façam dessa possibilidade a ponta de um grande trabalho no futuro. Quem gosta do trabalho e se identifica com aquilo que faz se torna um vencedor.

DC – O Criciúma ou o Grêmio alavancaram a tua carreira?
Scolari – Posso dizer que foi o Criciúma, porque o primeiro título no Brasil foi com o Criciúma, em 1991. Mesmo que tivesse sido campeão gaúcho com o Grêmio em 1987, o grande título que começou a me dar uma visibilidade para o Brasil foi a Copa do Brasil. 

DC – Qual a lembrança inesquecível de 1991?
Scolari – Posso dizer que foi o envolvimento do Estado na disputa contra o Grêmio. Não foi só a cidade de Criciúma. E eu acho que se todo Estado deseja que alguma coisa aconteça, não só em futebol, pode fazer com que muitas coisas aconteçam de bem e de melhor para Santa Catarina.

DC – Qual análise que você faz das equipes catarinenses no cenário nacional?
Scolari – Tenho visto alguns jogos da Série B e da Série A. Estou contente, em primeiro lugar, porque o Figueirense vem se mantendo por alguns anos na Série A, fazendo um papel intermediário bom e isso é importante. Em segundo lugar, o Criciúma, com todas as dificuldades que existe, pela localização, por ser uma cidade pequena e por ter poucos recursos, ainda se mantém em um nível muito bom na Série B e com alguma possibilidade de chegar à Série A. E o Avaí, que passou por dificuldades enormes em termos de campeonato, eu acho que, por estar em Florianópolis, poderia fazer um pouco melhor ou ambicionar algo melhor.

DC – Kaká ou Cristiano Ronaldo? Quem é o melhor do mundo?
Scolari – Não posso votar no Cristiano Ronaldo porque sou técnico de Portugal. Fiz uma escolha entre Kaká, Drogba (atacante do Chelsea e da Costa do Marfim) e o Messi (atacante argentino do Barcelona). No próximo ano, mesmo estando em Portugal, não posso votar no Cristiano. Mas ele terá maiores condições porque disputará a Eurocopa, uma competição com maior visibilidade. Ele vem crescendo muito nos últimos anos como jogador e, fora de campo, como homem. Tem aprendido algumas situações que não são normais para um jogador. Esse ano (2007), provavelmente o Kaká deverá vencer, com o Cristiano em segundo lugar. No próximo ano, provavelmente deverá vencer o Cristiano.

DC – E o Ronaldinho Gaúcho?
Scolari – É um grande jogador, mas ninguém vai ser o melhor por 10 anos. Nem o Pelé foi assim. É normal.

DC – Um retorno à Seleção Brasileira ainda está nos seus planos?
Scolari – Não, por enquanto não. Não tenho essa preocupação. Nesse momento minha preocupação é organizar bem os projetos para a Eurocopa 2008, mas desejo sempre o melhor para a Seleção Brasileira, porque foi lá que vivi um dos melhores momentos da minha vida, com aqueles atletas e integrantes da comissão técnica.

DC – Como você avalia as chances de Portugal na Eurocopa 2008?
Scolari – Boas. Já sabemos que a Turquia é aquele adversário dificílimo. A República Tcheca foi a primeira de sua chave, deixou a Alemanha em segundo, ou seja, tem uma seleção fortíssima. E temos o dono da casa, a Suíça, que conta sempre com o envolvimento do torcedor. Se nós realmente quisermos atingir um nível como em 2004, teremos que ter um poder de superação e um trabalho técnico melhor do que tivemos até o momento.

DC – Como você avalia o trabalho do técnico Dunga na Seleção Brasileira?
Scolari – Muito bom. Acho que é um trabalho correto. Dentro do proposto pela CBF, que eu tenho mais ou menos uma idéia, acho que vem sendo bem executado.

DIÁRIO CATARINENSE
Ulisses Job / Agência RBS

Técnico da Seleção de Portugal afirmou que o Criciúma alavancou sua carreira
Foto:  Ulisses Job  /  Agência RBS


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