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 | 08/12/2007 17h16min

Vagner Mancini não teme comparações com Mano Menezes

Técnico diz que é mais fácil lidar com pressão assumindo um time arrumado

Luís Henrique Benfica  |  luis.benfica@zerohora.com.br

Substituto de Mano Menezes no Grêmio, o paulista Vagner Mancini, 41 anos, viveu uma situação delicada no final de semana passado. Ainda lamentando a derrota de seu time, o Al Nasr para o Al Shabbab, por 3 a 1, pela Liga Árabe, foi informado de que os jornais criticavam a direção por liberá-lo antes do término do contrato, em julho. Temendo que o xeque árabe responsável pelo Al Nasr mudasse de idéia, antecipou seu retorno ao Brasil.

Partiu segunda-feira de Dubai e passeou o resto da semana com a mulher, Ana Paula, e os filhos Matheus, 13 anos, Júlia, nove, e Ana Paula, oito _ incluindo uma passagem por Paris. Dia 11, retorna ao Brasil, apresentando-se no dia seguinte no Olímpico.

– No começo, meus filhos reclamaram, pois já começavam a se acostumar aos hábitos de Dubai. Depois, quando disse a eles que viria para o Grêmio, até cantaram o hino do clube – ri Mancini, falando por telefone da capital francesa.

Ex-jogador do Grêmio, com participação na campanha do bi da Libertadores, em 1995, Mancini sabe que sofrerá comparações com o antecessor no cargo de técnico. Mas diz que o fato de assumir com um time montado facilitará sua missão. Fã de Felipão, o novo técnico diz ter aprendido com o mestre alguns truques que julga úteis para a conquista da Copa do Brasil, a prioridade gremista para a próxima temporada.  

Pergunta – Você teme comparação com Mano Menezes?
Vagner Mancini
– Sei que sempre haverá comparação, Mano fez um excelente trabalho aí. O técnico que me substituiu no Paulista também sofreu uma certa pressão (Mancini foi campeão da Copa do Brasil em 2005). Mas é mais fácil lidar com a pressão pegando um time arrumado do que pegar um time que venha de uma campanha ruim e precise ser remontado.

Pergunta – Você sugeriu a contratação do preparador físico Flávio de Oliveira?
Mancini
– Embora seja meu amigo, não foi imposição minha. O Grêmio já negociava com ele quando acertei. Eu sei que é muito bom.

Pergunta – O que acha de Júnior, contratado sexta-feira pelo Grêmio?
Mancini
– É bom jogador. Sabe marcar e jogar também. O que o futebol moderno exige. Tem que ter o equilíbrio.

Pergunta – O atacante Soares poderia interessar?
Mancini
– É um jogador de velocidade. Busquei informações no Figueirense, onde joguei em 2003. As informações sobre ele são excelentes.

Pergunta –  Mossoró e Leo (jogadores de Mancini no Paulista) disseram que você não prioriza jogadores grandalhões. É verdade?
Mancini
– Eu gosto do bom jogador. Se eu contar com dois jogadores bons, sendo um alto e forte e o outro baixo, vou no alto e forte, é óbvio. Futebol também é esporte de contato. Quando o jogo endurece, muitas vezes a força física faz a diferença. Claro que há jogadores baixos acima da média, como Maradona.

Pergunta – Você valoriza o jogo aéreo?
Mancini
– Sim. Acho que ainda se usa muito pouco o jogo aéreo no Brasil. Tive no Grêmio uma experiência com Jardel, um dos cinco melhores cabeceadores do Brasil.

Pergunta – Vendo de longe, quais são as principais carências do Grêmio?
Mancini
– Temos que priorizar os meias de ligação e os atacantes. É ali que seu time pode fazer a diferença. O sistema defensivo está bem arrumado. Também tenho certeza de que encontrarei uma equipe bem disciplinada taticamente, Mano Menezes valoriza muito isso.

Pergunta – Você sugeriu a contratação do goleiro Victor, do Paulista?
Mancini
– Ele foi muito bem comigo no Paulista. Tem boa desenvoltura no grupo. Mas quero analisar com calma o trabalho dos goleiros jovens que estão no Grêmio.

Pergunta – O meia Renato, ex-Flamengo, que trabalhou com você no Al Nasr, poderia atuar no Grêmio?
Mancini
– Seria difícil tirá-lo. O Al Nasr fez um investimento pesado. Ele é o melhor jogador da Liga Árabe.

Pergunta – O Grêmio valoriza muito a Copa do Brasil. Você sonha ganhar o bi nesta competição, e o penta do Grêmio?
Mancini
– O Grêmio é um time de chegada nesta competição. Eu também gosto muito dela. Aprendi muito com o Felipão e o Cacalo (o ex-presidente Luiz Carlos Silveira Martins). Em 1995, quando jogávamos fora, eles diziam que tínhamos fazer o papel fora para facilitar em casa. Na Copa do Brasil, o aspecto emocional é muito importante.

Pergunta – Em quais treinadores você se inspira?
Mancini
– Peguei referências com grandes nomes. Minelli, Evaristo de Macedo, Leão, Parreira. Mas foi de Felipão que tirei muito mais coisas, como pessoa e profissional. Não que eu tente ser como ele, tenho meu próprio estilo.

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