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 | 21/11/2008 05h37min

Mancini: Mágoa, sim. Revanche, não

Técnico que foi demitido do Grêmio sem ter perdido comanda o Vitória no domingo

Ticiano Osório  |  ticiano.osorio@zerohora.com.br

Caso raro de treinador invicto demitido, Vagner Mancini volta a cruzar o caminho do Grêmio no domingo. No comando de um Vitória desmotivado e em crise técnica (o sonho da Libertadores foi interrompido por uma seqüência que já dura sete jogos sem ganhar), ele agora é um importante coadjuvante na luta da equipe gaúcha pelo título. Pois desde domingo comenta-se sobre possível “vingança” por causa de sua prematura demissão pela direção tricolor, em fevereiro, após apenas seis jogos – quatro vitórias e dois empates. Vitória baiana no Barradão tornaria mais espinhosa a missão gremista de ultrapassar o líder São Paulo.

Por telefone, de Salvador, Mancini admite ressentimento em relação ao Grêmio. Mas descarta o tom vingativo.

Zero Hora – Os comentários na imprensa dão conta de um clima de vingança sua contra o Grêmio. Existe esse sentimento?
Vagner Mancini –
Olha, é bom que você está me dando a oportunidade de falar sobre isso. Tenho enorme carinho pelo Grêmio, onde tive oportunidade de, como jogador, ganhar uma Libertadores. De maneira alguma vou pensar em vingança por causa do que duas pessoas fizeram comigo.

ZH – Quem são essas duas pessoas? O que elas fizeram?
Mancini –
O presidente Paulo Odone e Paulo Pelaipe (vice de futebol na época). Eles simplesmente tomaram uma atitude contrária àquilo que disseram quando foram me buscar nos Emirados Árabes. Me ofereceram um projeto e me demitiram depois de 50 dias.

ZH – Por que você saiu?
Mancini –
Problemas internos com o Pelaipe.

ZH – Quais?
Mancini –
Não gostaria de mexer nisso.

ZH – Mas vencer o Grêmio teria um sabor especial?
Mancini –
Não. Já houve o jogo em Porto Alegre e não fizeram tanta onda. E olha que, então, o Vitória estava a apenas três pontos do Grêmio. Por acaso o jogo do segundo turno virou fundamental. Acho que todos esses boatos surgem porque querem que o Grêmio venha para cá encarando como uma guerra.

ZH – Surgiu notícia de que o São Paulo ofereceu R$ 500 mil para o Vitória vencer o Grêmio.
Mancini –
Não estou sabendo de nenhuma oferta. Agora, se a gente falar que não acontece, estaria mentindo. Penso que há outros valores mais importantes. Eu não quero ver meu time correndo mais pelo dinheiro dos outros.

ZH – Seis titulares do Vitória cumpriram suspensão contra o Atlético-PR. Teriam forçado o terceiro cartão amarelo para voltar contra o Grêmio?
Mancini –
Isso é mentira. Na verdade, a diretoria do Náutico nos acusou de beneficiar o Atlético-PR na luta para não cair (o time baiano e a equipe paranaense têm parceria para a cessão de jogadores por empréstimo). O Viáfara (goleiro) tomou o cartão porque, como é do Atlético-PR, não poderia jogar contra o clube. Com o Marcelo Cordeiro (lateral-esquerdo), o Leonardo Silva (zagueiro) e o Vanderson (volante) foram lances normais. Só para o Anderson Martins (zagueiro) e o Marquinhos (atacante) eu pedi, sim, para limparem os cartões. O Marquinhos porque vinha sentindo dores no púbis. O Anderson foi já pensando no Palmeiras. Tenho dois zagueiros que são do clube.

ZH – Você voltaria ao Grêmio?
Mancini –
Claro. Com o maior prazer. É como eu te disse lá no início: duas pessoas que estão transitoriamente no clube não podem acabar com uma relação de tanto carinho.

 
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