Mesmo tendo se destacado nas avaliações de português e matemática no mais recente Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o Rio Grande do Sul chama a atenção pelo mau desempenho na média geral na comparação com outros Estados, devido particularmente aos seus elevados índices de reprovação e evasão. O fenômeno é atribuído a um maior rigor das instituições de ensino do Estado, tanto públicas quanto particulares, que exigiriam mais dos alunos para considerá-los aprovados. Por sua repercussão, não apenas sobre as estatísticas oficiais, mas principalmente sobre o futuro dos alunos, essa é uma questão que precisa
ser melhor examinada.
Evidentemente, a alternativa para enfrentar o problema não está na insistência no excesso de reprovações, nem no abrandamento de critérios, muito menos no estímulo a aprovações automáticas. Ainda assim, os responsáveis pela definição de políticas educacionais no Estado não podem ignorar o fato de que índices elevados de reprovação acabam levando a mais evasão, principalmente por aumentar a defasagem entre idade e série cursada. Quando isso ocorre, o aluno costuma se sentir incomodado diante de colegas mais jovens. E, se não é incentivado a continuar, ou se não dispõe de alternativas à sua volta, acaba muitas vezes abandonando discretamente a escola.
O país e o Estado em particular precisam se esforçar acima de tudo para tentar manter o aluno em sala de aula pelo menos até a conclusão do Ensino Médio, sem prejuízo de seu rendimento escolar. Uma ampla reforma do currículo, tornando-o mais atraente para alunos e professores, pode ser um bom começo. As estatísticas comprovam que uma reprovação no nível médio aumenta em nada menos de 77% as chances de abandono escolar. Por isso, a questão não se resume a aprovar ou reprovar, mas, sim, em avaliar quando uma ou outra decisão faz mais sentido sob o ponto de vista do aluno.
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