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Escola e família

(Edu/Arte ZH)

 A ideia de que a aprendizagem é um problema da escola, a quem os pais devem delegar a atribuição exclusiva de ensinar - como se, ao cruzar os portões da instituição, as crianças se despissem da condição de indivíduos situados num contexto sociofamiliar específico - , é mais arraigada do que se costuma admitir. É comum ouvir-se, em encontros de pais, expressões como "Quem tem de ensinar é a escola", "Não tenho tempo para tomar lição em casa", ou, pior ainda,"Estou pagando, o colégio que faça a sua parte".

Nesses casos específicos, a culpa não é da sociedade contemporânea, mas da mentalidade herdada de um passado já distante, quando o ensino tinha caráter confessional. Mesmo em comunidades interioranas do Brasil, famílias de prole numerosa, a quem não custaria um par de braços de trabalho a menos, costumavam enviar filhos e filhas aos colégios mantidos por ordens religiosas para que abraçassem a vida eclesiástica em troca de instrução. Os laços familiares dos noviços não se quebravam, mas a escola assumia, na prática, sua tutela. Com o advento da escolarização em massa e da urbanização, fenômeno relativamente recente em países emergentes como o Brasil, a relação entre família e escola foi se modificando, embora lentamente. Persevera, no entanto, a concepção errônea da educação como um processo mecânico, que envolve apenas o professor e o aluno. Segundo essa forma de pensar, se algo não sai como deveria nessa relação bipolar, é porque uma das duas peças da engrenagem não está funcionando.

É oportuna e precisa a proposta de que famílias e escolas se aproximem e unam forças. Em nosso país, a ideologia da época dos seminários se soma à passividade e ao conformismo de uma geração de genitores acostumados aos regimes de telentrega e self service. A educação, porém, não se constituiu num pedido pelo qual se espera até 40 minutos, com direito a cancelamento.

A aprendizagem exige a participação ativa de pais e de todos os demais integrantes do núcleo familiar. Não se propugna, com isso, a confusão de papéis entre familiares e educadores. A cada um compete uma responsabilidade específica no que toca à formação do aluno. Se um pai e uma mãe, mesmo com pouca instrução, demonstram interesse pelos conteúdos trabalhados, acompanham a realização de tarefas, se procuram manter-se informados a respeito do que ocorre no interior da escola e, principalmente, criam em seu lar um ambiente favorável ao estudo, estarão dando uma contribuição mais do que razoável. Da mesma maneira, profissionais de educação e instituições fazem bem em envolver os pais em uma colaboração produtiva, sem descaracterizar seus projetos pedagógicos e sem terceirizar atribuições. A colaboração de escola e família é poderosa e capaz de resultar em avanços indispensáveis à melhoria do ensino.

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