Não deve ser por acaso que, entre as melhores escolas públicas nos índices de avaliação de desempenho no país, estão as militares. O que elas têm de diferente? Apoio logístico, disciplina e professores bem remunerados e comprometidos com o projeto. Já na rede pública, os professores, em geral mal pagos, costumam se queixar com frequência da falta de disciplina dos alunos. A questão da valorização dos docentes tem que ser enfrentada, mas a disciplina não depende de orçamentos, e sim de vontade política e de gestão. Obviamente, é impensável a extensão de regras militares na escola. A indisciplina, porém, tem que ser atacada seriamente, de modo que as escolas passem a dispor de mais autonomia para regrar o comportamento dos alunos.
Um estudo recente do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) mostrou que, no Brasil, a desordem na escola e mesmo dentro da sala de aula é superior à média dos demais países pesquisados. Como o problema é crônico e costuma ter impacto direto no aproveitamento escolar, as instituições de ensino precisam se unir de vez para enfrentar as causas, que são múltiplas e, por isso, exigem ações diferenciadas, além do envolvimento de toda a comunidade escolar. O primeiro passo é diferenciar o que se constitui numa inquietação típica de adolescentes e o que tem potencial para levar a cenas cada vez mais comuns de violência no ambiente escolar. Em muitas delas, alunos mais agressivos chegam mesmo a transformar colegas e professores em vítimas, tumultuando um ambiente que deveria ser marcado pela paz e pelo respeito aos demais.
As ações bem-sucedidas de instituições de ensino demonstram que não basta o rigor para enfrentar a indisciplina, que tanto afeta o aprendizado. É preciso que as escolas recorram também ao questionamento e a transformações como a educação inovadora e em tempo integral, por exemplo. Os professores precisam se mostrar preparados também para facilitar aos alunos o convívio com noções de cidadania, respeito ao próximo, conscientização ambiental e educação para o trânsito, entre tantas outras áreas de conhecimento para a vida. E
é necessário sobretudo convencer pais e demais familiares da importância de sua participação nesse processo, procurando resolver no ambiente escolar o que não conseguem em casa e não têm o direito de simplesmente transferir para os professores.
Os exemplos bem-sucedidos de fim da bagunça por meio não apenas do rigor mas também do convencimento são particularmente importantes, por demonstrarem que a solução não está ao alcance de algumas poucas escolas. Precisam, por isso, inspirar mais instituições a insistirem na pacificação dos ânimos, buscando remover de vez esse obstáculo ao aprendizado.
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