O ingresso em um programa de educação integral desenvolvido em Belo Horizonte possibilitou que os alunos do 4º ao 9º ano do ensino fundamental melhorassem significativamente suas notas de Português e Matemática, além de alterar hábitos que favorecem o aprendizado, tais como ler jornais e revistas, usar a internet, frequentar atividades culturais e fazer lição de casa. Já os participantes do Jovens Urbanos, um programa educativo e de inclusão desenvolvido na periferia da capital paulista aumentaram sua renda e empregabilidade a partir dos conhecimentos adquiridos com ações que estimulam a capacidade de expressão e a circulação por diversos espaços da cidade. Eles também passaram a ler muito mais desde então.
Os dados mencionados sobre ambos os programas foram obtidos a partir do emprego de uma metodologia de avaliação que compara dois grupos, um participante (tratamento) e outro não participante da ação (controle), que estavam em condições muito similares em todos os aspectos no início do projeto. Assim, foi possível verificar se os resultados obtidos são atribuídos de fato ao investimento social realizado. Essas avaliações permitem também encontrar efeitos que não eram esperados no planejamento.
Esse tipo de informação vem ganhando importância para governos e investidores privados que desejam destinar recursos à área social com transparência e eficácia, tomar decisões assertivas e aprimorar a gestão de projetos e programas voltados à melhoria das condições de vida da população. Para chegar a elas, torna-se cada vez mais oportuno realizar a avaliação de impacto social e calcular o retorno econômico da ação para a sociedade. Esta metodologia responde a duas perguntas- chave: o programa ou projeto social conseguiu cumprir seu objetivo? Qual é o custo-benefício da ação, considerando o investimento necessário e o retorno para a sociedade?
Uma pesquisa realizada pela Fundação Itaú Social, em parceria com o Instituto Fonte e o Ibope Inteligência, em 2010, mostrou que 91% das organizações sociais consultadas em todo o país afirmavam já ter realizado avaliação de algum programa ou projeto nos últimos cinco anos. Dentro da amostra, 26% consideravam a avaliação uma ferramenta estratégica e 33% apenas instrumento de promoção. Porém, infelizmente uma parcela que soma 41% do grupo via a avaliação como desperdício de tempo e recursos ou como atividade burocrática.
Os dados revelam que, embora seja crescente a conscientização sobre a necessidade de avaliar projetos e programas sociais nos últimos anos, seu uso ainda permanece como um grande desafio. Ou seja, mais importante do que advogar em torno da necessidade de avaliar é essencial criar as condições para que as avaliações sejam usadas como instrumento da gestão dos projetos sociais, para garantir o melhor retorno possível para a sociedade.
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