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Uma só resposta para a educação

Ana Paula Rigatti-Scherer*

Apesar de haver muitas perguntas a respeito da educação em nosso país e em nosso Estado, minha opinião é de que há uma só resposta para isso tudo: nossa alfabetização perdeu-se em seus conteúdos e objetivos. É no ensino e na aprendizagem da leitura e da escrita que se encontra o problema de nossa educação.

Sendo assim, podemos nos perguntar: mas não está no Ensino Médio o maior problema? É no Ensino Médio que os conhecimentos são colocados à prova com base em uma compreensão leitora eficaz. Compreensão leitora no Português, na Matemática, na Biologia, na Geografia e na História.

Bom, vamos então voltar um pouquinho no tempo para entender onde nossa alfabetização se perdeu. Na década de 80, lembro bem, minha geração era alfabetizada por meio de "cartilhas", livros que seguiam um roteiro indicando que letras deveriam ser aprendidas, que etapas deveriam ser vencidas até o momento em que o aluno lia um texto. De maneira nenhuma defendo as cartilhas, mas, sim, o conteúdo importante que elas continham, que simplesmente foi deixado de lado a partir dos anos 90, quando as propostas construtivistas eram efetivadas
nas escolas. Também não critico o construtivismo, mas, sim, a confusão feita entre conteúdo a ser ensinado e aprendido com uma linha de pensamento pedagógico.

Que conteúdos ofereciam as cartilhas? Conhecimento do traçado das letras, lateralidade, tipos de letras, junção de consoantes com vogais, combinação de sílabas, organização de frases e de textos. Por mais "bitolado" que fosse um professor seguir a cartilha, que pouco valorizava o letramento, o professor tinha uma guia de conteúdos, e, ao final do ano, os alunos liam e escreviam, o que parece não ocorrer hoje, na grande maioria das escolas. Em três anos, 1º, 2º e 3º, muitos alunos não leem nem escrevem com eficácia.

Mas vamos levar em conta que a cartilha não era um bom material, pois desvalorizava o letramento dos alunos e impedia que os mesmos lessem e escrevessem outros tipos de palavras e textos que não estavam nela. Qual é o material seguido por um alfabetizador hoje? Ouvi há pouco tempo uma pedagoga dizer que durante sua faculdade a "alfabetização" era considerada o "buraco negro" do ensino. Se o pedagogo não recebe a formação necessária para alfabetizar, quem está recebendo?

Fala-se muito na "leitura de mundo", "ler é libertar-se","os alunos devem ter gosto pela leitura". Mas pouco se ouve: "Os alunos devem aprender a ler", "os alunos devem realizar estratégias de leitura","os alunos devem decodificar e compreender textos". Tive um professor que dizia: "O papel do professor não é estimular o aluno a ter gosto pela leitura, mas ensiná-lo a ler". Eu achava isso um absurdo, no entanto, hoje penso que feliz é o aluno que tem o direito de aprender a ler antes mesmo de aprender a gostar de ler.

A única resposta que temos, portanto, para a educação é o ensino da leitura e da escrita de qualidade. Se fizermos isso bem feito, garantiremos grande parte do futuro dos nossos alunos.

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Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho

Prêmio RBS de Educação

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