Tem se falado inúmeras vezes do baixo rendimento dos alunos no índice do Ideb, da falta de vontade dos estudantes que frequentam as aulas, da formação de professores e da infraestrutura das escolas. Será que realmente os municípios e o Estado querem mudar isto? Há anos trabalho com educação e vejo um comodismo por parte de alguns. Atualmente, os alunos participam de redes sociais, têm celulares com os quais produzem vídeos, fotos e, por vezes, publicam em sites. Escrevem mensagens, jogam e se comunicam com seus pares. Estes, diga-se de passagem, são os mesmos alunos que pelo índice do Ideb não sabem português, matemática... e por aí afora.
O que será que está acontecendo? Por que não aproveitar todo esse potencial para a educação? Tenho ministrado aulas na Pedagogia e escuto de muitas alunas: "para que aprender a usar o computador se na maioria das escolas o laboratório de informática está fechado há anos e as máquinas estão ficando sucateadas, não podendo ser utilizadas, pois as diretoras não deixam?". Será que a administração pública não sabe disso? De que adianta, no período eleitoral, os candidatos dizerem que vão melhorar o ensino público, se os anos passam e nada acontece?
Se houvesse um maior número de professores que trabalhassem com os alunos nos laboratórios, com ambientes virtuais de aprendizagem (blogs, wikis e outros), com simulações e com projetos de aprendizagem, nos quais os alunos desenvolvem inúmeras competências, certamente teríamos melhores resultados. O que é bem diferente de ter um estagiário ligando e desligando os computadores e colocando jogos para "distrair os alunos". Os jogos são importantes, mas quando associados à proposta que o professor está desenvolvendo com seus alunos. O papel do professor é fundamental para a inovação, pois não adianta usar a tecnologia sem uma mudança na metodologia. É difícil trabalhar inovação na formação de futuros professores quando eles sabem que o futuro não acontecerá de forma inovadora, que a escola vive no passado repetindo ano após ano a mesma coisa.
Estamos no tempo do romance O Nome da Rosa, de Umberto Eco, no qual só alguns monges tinham acesso ao grande acervo da biblioteca devido às relíquias que os livros continham. Do mesmo modo, estamos com os computadores guardados nos laboratórios impedindo o acesso à informação, ao conhecimento e às novas aprendizagens. Afinal, vivemos em qual século?
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