São muitas as preocupações que assombram o mundo das competências pedagógicas dos "professores orgânicos", ou seja, comprometidos com os resultados e as consequências de uma educação formal que não pode se dar ao luxo de falhar. Não obstante depararmos com uma realidade em que, majoritariamente, as novas tecnologias da informação são apontadas como instrumentos essenciais à atratividade e à motivação dos estudantes, o que se constata é que, independentemente da utilização desses recursos, não tem havido (e nem se vislumbra que haja) mudança que possa ser encarada com um sentido qualquer de "progresso".
De forma alguma é intenção atacar os artefatos tecnológicos que nos dão acesso à realidade virtual e que fazem do mundo "estranha e maravilhosamente" acelerado e "pequeno". Também não parece apropriado utilizar o termo "virtual" em sentido pejorativo; antes, com o significado de uma performance que permite ao indivíduo estar "em mais de um lugar a um só tempo", ainda que possa "não estar de fato em lugar algum".
De resto, também parece óbvio que esse é um aspecto da cultura tecnológica que caminha no sentido do enraizamento e da ramificação. Ocorre que, mesmo utilizando as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) nas escolas, percebe-se que é muito maior a habilidade de manuseio tecnológico do que a mudança qualitativa de competências consideradas básicas para o sucesso pessoal e coletivo em um mundo (talvez uma cultura pós-moderna) em que a interação articulada, ponderada, dinâmica, imediata, com precisão, tem sido um referencial àqueles que reúnem competências desejáveis à vida profissional e social.
Longe de considerar a não utilização dessas tecnologias que podem tornar mais colorido, ou menos acinzentado, o espaço pedagógico de aquisição do saber. Não é esse o caso. A questão que se coloca é que, apesar desses recursos, ou por causa deles, as mudanças que esperávamos pudessem indicar melhoria em competências básicas como "falar, ouvir, ler e escrever textos, pensar de maneira criativa, tomar decisões e resolver problemas", por exemplo, não se realizam no tempo que se considera adequado, mesmo observando conceitos que alargam nossas expectativas, tais como "respeitar o tempo do aluno", ou "o ato de conhecer é um processo permanente e indefinido".
Então, o que está errado? É óbvio que "uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa": investimento em educação é essencial em todos os pontos cuja discussão é interminável, mas, ao mesmo tempo, acaba se mostrando uma das partes do problema. Por outro lado, toda uma vasta pesquisa acadêmica não tem conseguido ou tentado dar solução aos problemas cotidianos da prática pedagógica em sala de aula. As dificuldades e mazelas do ensino batem todos os dias à nossa porta sob diferentes formas. As soluções não dão solução.
Concepções políticas várias insistem em reduzir os significados dos conceitos e fenômenos ao tamanho de suas interpretações. A vida escolar, ou se torna o calvário do professor, ou a mazela do aluno. O quadro só não é aterrador para quem não quer ver, ou vê com olhos de vidro sua própria paisagem vitral. De resto o tema é polêmico e não raras vezes motivo de cólera. Mas não é aceitável o discurso fácil que transfere responsabilidades. Temos um problema imediato e insuperável sob o ponto de vista segmentado.
É preciso um mutirão que envolva todos os recursos humanos, financeiros, acadêmicos e políticos para superar essa estagnação que envolve a educação pública no Brasil. O debate é longo, e as consequências, imprevisíveis. Como diz o clichê, "melhor mesmo é não pagar pra ver!".
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