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Promessas para a Educação Infantil

Analéia Maraschin da Costa*

Em época de campanha eleitoral, muitas promessas são feitas, principalmente no que se relaciona à educação. Especificamente falando, diz-se muito da necessidade de ampliar a oferta de vagas na Educação Infantil, entretanto, faz-se necessário apontar para duas questões cruciais necessárias de reflexão.

Primeiramente, a Educação Infantil é um direito da criança, assegurado e garantido em lei. Sendo assim, a vaga é para a criança, tornando-se incoerente o discurso de "precisamos de vagas para as mães trabalhadoras".

Obviamente, a creche acaba por prestar um serviço público para as mães, mas esse não é (e não deveria ser) o seu foco principal. Nós, professoras, lutamos para a transformação do caráter assistencialista da Educação Infantil, pois temos entendimento do cunho pedagógico, de educação, produção de conhecimentos e desenvolvimento que a Educação Infantil representa na vida da criança. Assim, a creche é um espaço para a criança, um espaço/tempo para que ela viva sua infância e as coisas próprias da(s) sua(s) cultura(s) infantil(s).

A segunda questão que apresento é o grande perigo que nós, professoras, gestoras e, principalmente, crianças vivemos com esta política de "vamos ampliar as vagas", pois, muito mais do que ofertar vagas, é imprescindível garantir condições de permanência com qualidade nas instituições de Educação Infantil. Assim, as escolas municipais de Educação Infantil (Emeis) não podem ser vistas como depósitos de crianças e, sim, espaços de interação e vivencias lúdicas.

A superlotação está sendo encarada como algo banal, corriqueiro. As mães precisam de vagas? As crianças precisam de respeito. Existem leis, parâmetros, diretrizes, indicadores,
enfim, documentos federais que apontam o número de crianças por turma e o espaço físico (metro quadrado) por criança em uma sala, mas estes parecem se perder ao chegar nos municípios.

Uma criança de Educação Infantil precisa ser vista, ouvida, compreendida em sua historicidade e subjetividade. Nós, gestoras e professoras, fazemos milagres. Superamos diariamente obstáculos de falta de infraestrutura, descaso político e social e desenvolvemos um trabalho de excelência, mas é preciso alertar nossos representantes: estamos vivendo no limite. Precisamos também ser olhados, representamos aqueles que não têm voz política, "as crianças" , e exigimos respeito!

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