O projeto para duplicar a BR-101 norte em Santa
Catarina existe há 20 anos. Até a metade dos anos 90, faltou dinheiro
ou vontade política para realizar a obra. Nada afrouxava a mão do governo
para abrir o cofre do dinheiro. Nem o estouro das mortes na rodovia,
sufocada por um fluxo de 30 mil veículos por dia quando o traçado
entre Garuva e Palhoça comportava 7 mil veículos por dia.
A RBS tinha uma campanha para a
duplicação norte. Mas uma carta da leitora Margot Krause Teixeira,
enviada à redação do Diário Catarinense em maio de 1994, deu o
argumento que faltava para um engajamento mais forte. Margot sugeriu um abaixo-assinado
em prol da obra. Em pouco tempo, o DC buscava a adesão de 500 mil
pessoas. Meta rapidamente vencida. O desafio passaria a ser de 1
milhão de assinaturas, atingidas em junho de 1995. A lista de apoio
popular foi levada pela direção da RBS ao presidente Fernando Henrique
Cardoso, que incluiu a obra no chamado Corredor do Mercosul, que
integraria os maiores pólos da América Latina: Belo Horizonte, Rio de
Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Buenos Aires.
Falta agora o trecho sul. O traçado norte
revigorado tem as estatísticas a seu favor. Os números indicam que menos
vidas são perdidas no asfalto da região. As 115 mortes do primeiro
semestre de 1996 viraram 63 no mesmo período deste ano. Os acidentes
também caíram. Mudou o perfil das causas da violência que domina o trânsito
no trecho norte: caem as colisões traseiras e cruzamentos de
pista sem respeitar a preferencial. Em 2001, a perda de controle do
veículo pelos motoristas tomou o lugar entre as atitudes de imprudência no
trecho.
Texto de Tarcísio Poglia, editor de Santa Catarina do Diário
Catarinense
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