Sob uma chuva de confetes e papel picado os tambores da bateria do Berbigão do Boca anunciaram a saída do bloco que partiu do Largo da Alfândega para desfilar pelas ruas do Centro de Florianópolis. Conforme a tradição, o Carnaval estava aberto na Capital às 19h desta sexta-feira.

Os foliões mais afoitos se posicionaram entre os 20 bonecos das personalidades homenageadas e o carro de som. O restante seguiu o caminhão que levava o puxador dos sambas, que sequer precisava se esforçar para o público pular. Diante de tanta animação poucos perceberam a chuva que caiu no início do percurso.

Os funcionários das lojas que estavam abertas se reuniram na porta dos prédios para acompanhar o bloco. Além da vontade de participar do Berbigão do Boca, tiveram de agüentar as brincadeiras dos foliões que gritavam para eles voltarem ao trabalho. O comandante da festa, o Rei Momo Hernani Hulk, lembrou que até a terça-feira de Carnaval é tempo de alegria.

Alguns homens entraram tanto no espírito que anteciparam o desfile de Sujos, que tradicionalmente ocorre no sábado de Carnaval.

A festa de ontem foi a maior dos 16 anos desde que Paulo Abrahan teve a idéia de fazer algo, nos moldes de Olinda (PE), e que sacudisse a cidade no Carnaval. Ontem, Olinda, o país e o mundo conheceram o Berbigão do Boca por meio da matéria produzida pela RBS TV em Florianópolis e que entrou no Jornal Nacional dando a dimensão do que é a festa. As "viúvas" do Berbigão, que no ano passado não saiu por desavenças com a prefeitura (não-pagamento da dívida de R$ 15 mil), voltaram a sorrir. Lá estavam figuras ímpares no Carnaval da Ilha: Nega Tide, Paru, mestre-sala e porta-bandeiras de todas as escolas, representantes de blocos, sambistas, turistas e moradores.

Dez mil? Quinze mil? Quantos teriam se juntado ao Berbigão? O cálculo é incerto. Certo mesmo é que o decreto municipal determinando que o Berbigão do Boca abre oficialmente o Carnaval na Ilha de Santa Catarina é um dos documentos mais autênticos da cidade.

Alvinegros comemoraram

Uma grande bandeira do Figueirense era carregada por foliões para lembrar o título da Copa São Paulo de Futebol Júnior conquistado ontem de manhã. Recebiam os cumprimentos de outras pessoas que seguravam faixas. Os torcedores iam ao delírio quando o puxador das músicas lembrava o feito dos garotos alvinegros.

Desde o início da tarde, as pessoas já se preparavam para o momento em que a bateria do Berbigão do Boca entraria em ação. A concentração começou ao meio dia. Para esquentar, os grupos cantavam marchinhas.