Presidente da FMD, Sérgio Galdino (D), cumprimenta o prefeito da Capital, Dário Berger, pelo título conquistado. Esporte é assim mesmo, mas Blumenau também volta vencedora ao largar na frente no resgate pela essência dos Jasc, que há tempos se perdeuFoto: Divulgação Mafalda Press |
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Blumenau perdeu os Jogos Abertos de Santa Catarina, que terminaram neste sábado em Chapecó.
Tragédia?
Não para mim.
E nem para a cidade. Explico:
A melhor coisa que podia acontecer a Blumenau era perder os Jasc, tirar esse peso das costas. A tal da hegemonia esportiva não vale mais um centavo furado, mas pesa. Pesa muito. Nesse fim de semana, por exemplo, ouvi gente dizendo que foi uma derrota política do prefeito. E outra: apareceu até uma estatística para me informar que JPK é apenas o sétimo prefeito da cidade a ser derrotado em um Jasc!
Repito. Pra mim, tudo balela.
Há muito tempo os Jasc perderam o brilho. No ano que vem, quando completam 50 anos, deveriam ser completamente repensados para não apagar de vez o ideal do brusquense Artur Schlösser. O excesso de importados, essa praga que começou nos anos 90, quando eu ainda participava dos Jasc, está matando a competição.
Esse ano tivemos alguns absurdos, como Hugo Hoyama. O mesatenista deve ser incapaz de localizar Chapecó no mapa, muito menos de dizer o que aquela estátua enorme faz bem no Centro da cidade. Mas foi a estrela da delegação anfitriã (até acendeu a pira na abertura, outro absurdo). Bom, ele foi lá e fez o que sabe: jogar ping-pong (vão me xingar...) e perder pra um chinês qualquer. Sim, porque tivemos um chinês nos Jasc! Aliás, no Pan 2007 eu aprendi que torneios de tênis de mesa são disputados por chineses de várias nacionalidades: é o chinês da Argentina, o chinês da Austrália, o chinês da Finlândia... Nos Jasc, tinha o chinês manezinho, os donos da casa não contavam com a astúcia dos ilhéus!
É só um exemplo, tivemos "importados" por todos os lados. Não em Blumenau.
A cidade, do alto de suas 39 conquistas em 49 edições, fez o que dela se esperava: vanguarda. Abandonou as importações e levou o que é fruto dos programas de esporte na base por aqui. Perdeu? Paciência. Perder ou ganhar os Jasc tem cada vez menos relevância. O importante deve ser revelar atletas, estimular a base. Esse é o espírito da competição e precisa ser resgatado. Porque pra mim chega a ser constrangedor ver atletas como os da Malwee, do time de basquete de Joinville (ganhou e se esforçou para convencer que se importava com aquilo) ou da Cimed (esses não foram), disputando Jasc contra Palmitos, Braço do Trombudo, Capinzal e ganhando por 200 pontos de diferença. Ou então nadadores olímpicos e de mundial nadando uma piscina na frente dos outros (isso Blumenau fez, trouxe a Julinha Volkmann).
Os Jogos Abertos de Santa Catarina são, por regra, amadores (no sentido bom dessa palavra). Essa essência se perdeu em algum lugar. Blumenau volta vitoriosa de Chapecó ao largar na frente nessa corrida para resgatar a essência dos Jasc. E agora que se livrou desse encosto chamado hegemonia (alguns poucos vão reclamar, e só), espero que os dirigentes sigam esse caminho, que mais adiante certamente será vitorioso, tanto nos Jasc quanto na revelação de novos talentos locais. Além disso, tem aquela: Blumenau pode fazer isso porque mesmo que custe perder 30 Jasc seguidos, ainda assim continuará sendo a cidade mais vezes vencedora.
Antes de terminar, duas considerações importantes:
1 - Óbvio que não quero aqui tirar o mérito da conquista de Florianópolis. A Capital vive um momento iluminado no esporte. De patinho feio antes, hoje tem dois times de futebol fortes no cenário nacional, uma equipe campeão brasileira de vôlei, futsal forte e vários atletas de alto nível em outras modalidades. Alcançou o que Blumenau ainda não achou a receita para fazer. Partir da base para a formação de times realmente de alto nível, para ter projeção nacional e internacional. Fica aqui registrado os parabéns e a dica: Blumenau tem o que aprender com o trabalho que vem sendo feito em Floripa.
2 - Também é preciso registrar que o que ocorreu em Blumenau há exato um ano influenciou de certa forma no resultado nos Jasc. Muitas equipes ficaram sem verba e até sem local para treinar 2009 inteiro. Tudo que conquistaram pode ser colocado na conta da superação que faz parte do blumenauense. Por isso, parabéns também!
A opinião e a análise sem meias palavras do editor de Esportes do Santa, Rodrigo Braga, sobre o que rola no mundo esportivo. Destaque para o futebol, mas nenhuma modalidade deixará de merecer um pitaco. Fale com o blogueiro No Twitter:
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