Adianto que será um post longo, pois ele é quase um desabafo. Não nasci em Blumenau, mas aqui cresci. Então me considero da casa. Convivo com o futebol da cidade há muitos anos, primeiro como frequentador de estádios, depois como jornalista.
Vi o Blumenau Esporte Clube nos seus anos de ouro, também acompanhei bem de perto, já como repórter, a morte lenta do clube. Testemunhei todas as tentativas fracassadas de se fazer futebol nessa cidade depois disso. Por fim, como muita gente acompanhei com um certo pé atrás (como diz o ditado, cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça) o surgimento do Metropolitano.
Tá, eu sei que até aqui não falei nenhuma novidade. Então, afinal, porque esse assunto agora?
É que eu ando verdadeiramente de saco cheio, e esta é uma opinião pessoal, desse papinho de ressuscitar o BEC. Nesta década já vi nascer e morrer várias tentativas, tudo por um motivo simples: isso não é razoável. Acho comovente o esforço de alguns torcedores em manter a chama do clube viva, mas é só isso: comovente. Porque racional não é. Nem um pouquinho.
Blumenau pena provavelmente desde a chegada do Dr. Blumenau para fazer futebol. Aliás, entre os 17 primeiros imigrantes estava o pai de Artur Friedenreich, o primeiro grande ídolo do futebol brasileiro. Mas pelo jeito nem o DNA privilegiado colaborou. Das grandes cidades de SC, Blumenau é, de longe, a que tem o futebol mais precário. No cenário estadual, inclusive, nunca passamos de irrelevantes, com dois títulos do extinto (mais um) Olímpico lá nos tempos do amadorismo. E nada mais.
E boa parte disso se deve a esta falta de espírito de união que faz algumas pessoas preferirem esperar pela volta de um fantasma à brigar por fortalecer a cidade. Não sou de meias palavras, muito menos hipócrita. Blumenau só tem lugar para um clube de futebol, e ele é o Metropolitano.
Antes que me acusem, já antecipo a defesa: não tenho nenhum motivo para vir aqui defender o clube. Uma única vez conversei pessoalmente com o Dr. Edson da Silva, os demais membros do clube nem conheço. Torço para ele como para todos os times do Vale, pois quero mais que qualquer coisa o fortalecimento do futebol da região. Aliás, se fosse comparar assisti a muito mais jogos do BEC do que do Metrô no estádio. Mas nesse caso apoio minhas convicções apenas em fatos concretos.
1 - Em sete anos o Metropolitano já dissipou desconfianças e mostrou ter um projeto sério, diferente de outros aventureiros que por aqui passaram nesta década. Não há motivos plausíveis para algumas pessoas se recusarem a apoiar o crescimento dele.
2 - O BEC não voltará, tamanho o imbróglio jurídico em que está metido. E convenhamos, o tricolor não fechou as portas porque foi prejudicado, e sim por causa de erros próprios e cometidos por muitos e muitos anos por diferentes gestões. Portanto, não há motivo para tanta gente se achar vítima.
3 - Alimentar a rivalidade entre BEC e Metrô me parece, na boa, ridículo. Os clubes foram contemporâneos por pouquíssimo tempo e as vezes que se enfrentaram dá para contar nos dedos. Mesmo se falarmos das origens do Metrô, nas Itoupavas, a rivalidade com o BEC era absolutamente nula.
Sei que vou levar porrada de tudo quanto é lado por tanta sinceridade, mas só quero ver o futebol de Blumenau, de uma vez por todas, forte. Será que é tão difícil assim imaginar um encontro entre membros das duas torcidas para chegar a um consenso? Se for preciso um mediador para o encontro (e acho que não é), estou à disposição. E as pessoas responsáveis pelos clubes? Não podem sentar à mesa e buscar uma forma de unir projetos, de somar esforços? Será que é tão improvável assim?
Gente, quem é blumenauense - mesmo por adoção, como eu - sabe que o que vou dizer agora é verdade: é tão difícil fazer um time dar certo aqui, é preciso unir todas as forças possíveis (e até as impossíveis), que é besteira achar que dois conseguirão se manter de forma decente. O Metropolitano aproveitou o vácuo deixado pelos outros, trabalhou duro e hoje é merecedor do apoio de todos que amam futebol na cidade. E se todos remarem na mesma direção, talvez, seja factível alcançar um patamar melhor no futuro. Só assim.
A opinião e a análise sem meias palavras do editor de Esportes do Santa, Rodrigo Braga, sobre o que rola no mundo esportivo. Destaque para o futebol, mas nenhuma modalidade deixará de merecer um pitaco. Fale com o blogueiro No Twitter:
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