Foto: Divulgação, Universal Studios
Há diretores que depois de sucessos retumbantes dão algumas vaciladas. Não deixam de ser ótimos diretores, mas na tentativa de mudar ou aprimorar suas habilidades – iniciativas corajosas para aqueles que já estão no topo – acabam fazendo coisas repetitivas ou não tão legais. Socrsese é um exemplo disso, com algumas furadas como O Aviador e Gangues de Nova York. Até mesmo Coppola e Woody Allen já caíram nesta armadilha. Ainda não comparo Quentin Tarantino a estes monstros, mas quem apostava que Bastardos Inglórios (Inglorious Bastards) seria seu primeiro grande vacilo dentro de um estilo que já poderia estar ultrapassado, errou feio.
Mais uma vez Tarantino é apenas Tarantino, e no seu melhor momento. Sórdido, mordaz, violento, engraçado e muito pop. E para aqueles que não gostam de seus filmes, o melhor é nem chegar perto das salas de cinema que exibem, a partir desta sexta, dia 9, seu mais recente trabalho. Nem a Segunda Guerra fez Tarantino mudar. Aliás, Tarantino mudou a Segunda Guerra, tornando-a o ambiente ideal para mais um grande filme.
Foto: Divulgação, Universal Studios
Bastardos Inglórios se passa nos primeiros anos de ocupação nazista na França. Em uma pequena cidade, no interior, está a jovem Shosanna, que consegue escapar do massacre de sua família comandado pelo coronel nazista Hans Landa. Paralelo a isso, está o tenente Aldo Raine, interpretado por Brad Pitt - muito engraçado no melhor estilo canastrão que ele faz bem. Apache, como acaba ficando conhecido pela sua crueldade, organiza um grupo de judeus para colocar em prática um violento plano de vingança contra os nazistas.
O destino delineado por Tarantino reúne estes personagens, alguns anos depois, em um pequeno cinema em Paris, administrado por Shosanna, que mudou de identidade e agora tem a chance de também se vingar pelos assassinatos de seus pais e irmão.
Foto: Divulgação, Universal Studios
O grande momento de tensão já se dá nos minutos iniciais de filme, em um diálogo aterrorizante entre Landa e o agricultor Perrier Lapadite (não vou me dar ao trabalho de explicar este personagem, quem quiser saber, que vá assistir ao filme). Nestas primeiras cenas já temos três certezas: que estamos assistindo a um filme eletrizante; que Tarantino ainda está com tudo e não precisa mudar por enquanto; e que os olhos espertos dele e do produtor Lawrence Bender descobriram um novo grande ator.
Foto: Divulgação, Universal Studios
O maior destaque em Bastardos Inglórios é, sem dúvida, a atuação do austríaco Christoph Waltz (foto acima), até então desconhecido para mim, como o coronel Hans Landa. Waltz faz uma personificação impecável, não deixando espaço para seus colegas - nem mesmo para Sylvester Groth, que já havia interpretado Goebbels no filme Minha Quase Verdadeira História. Até mesmo as pequenas aparições de Hitler, totalmente caricatas, são ofuscadas pela presença cínica, hilária e, muitas vezes, afeminada de Landa. Um personagem tão enigmático, que a certo ponto começamos a simpatizar com ele. Mais um na lista dos melhores criados por Tarantino e que já está rendendo louros ao ator.
Um charmoso cinema na bela Paris dos anos 40 e figurinos elegantes da época dão cores, leveza e um toque romântico ao filme, contrastando com a brutalidade de algumas cenas. E o final arrebatador e cheio de simbologias é capaz até de nos emocionar.
Foto: Divulgação, Universal Studios
Mulheres lindíssimas, diálogos inteligentes, piadas de humor negro, histórias absurdamente envolventes, pequenos detalhes fundamentais para grandes desfechos, atuações impecáveis e muitos exageros fazem deste mais um clássico na filmografia do diretor. Claro, tudo isso regado a cenas sangrentas e a uma trilha sonora excelente. Enfim, é Tarantino fazendo melhor o que já sabia fazer muito bem.
Holly Golightly: You know those days when you get the mean reds? Paul Varjak: The mean reds, you mean like the blues? Holly Golightly: No. The blues are because you're getting fat and maybe it's been raining too long, you're just sad that's all. The mean reds are horrible. Suddenly you're afraid and you don't know what you're afraid of. Do you ever get that feeling? Cinema, cinema, cinema!
Por Ju Lessa
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