Vou contar uma pequena histórinha pra chegar onde eu quero.
No final de semana, teve uma pelada de casados contra solteiros. Mas uma pelada de nível. Quem é de Joinville conhece os caras: Cleiton, Lu, Neto, Fabinho, Dias, Ronaldinho Tomasi... Craques do futebol amador da cidade.
Fiquei impressionando com a facilidade que Ronaldinho, 37 anos, tinha para bater na bola. Principalmente em faltas e escanteios. Joinvilense criado no Aventureiro, meia e canhoto, já jogou profissionalmente na Atlético Alto Vale, Chapecoense, Criciúma (com Sergio Ramírez), Guarani, Paraná Clube e outros clubes brasileiros.
Em 1999, foi vice-artilheiro do Estadual pelo Verdão do Oeste. Fez 13 gols. Seis foram de falta.
Talento não cai do céu. Duas horas antes dos treinos, Ronaldinho ia para o gramado treinar faltas. "Sabia que esse era o meu diferencial e tinha de aprimorar", fala. O meia dava uma cesta básica por mês para um garoto catar bolas atrás do gol e mais uns trocados para o goleiro do júnior tentar defender seus chutes.
Colocava camisas penduradas nos ângulos e a missão era acertá-las. Depois, treinava normalmente com o restante do grupo.
Agora, é onde queria chegar.
E no Joinville? Quem tem essa força de vontade, essa iniciativa? Quem faz como Ronaldinho fazia? Ninguém. E isso não é de hoje.
Os jogadores até treinam faltam no final dos treinos. Forma-se uma rodinha de uns quatro jogadores. Cada um, dá cinco ou seis chutes e deu. Depois, o técnico ensaia umas cobranças pelo lado do campo. Mais nada.
Ninguém no tricolor trabalha atrás da cobrança perfeita até as pernas incharem. Craques da bola parada como Zico e Marcelinho Carioca não nasceram sabendo. Tudo foi resultado de muito treino.
Duvido que o JEC não dá toda a liberdade e estrutura para quem quiser ficar umas horas a mais treinado cobranças de falta. E nem seria preciso doar cesta básica para algum garoto ficar atrás da trave.
Dúvidas Frequentes | Fale conosco | Anuncie - © 2009 RBS Internet e Inovação - Todos os direitos reservados.