Estar sob pressão, com a necessidade de conduzir um grupo de pessoas rumo a excelência e entender a mecânica do jogo de ontem, tanto as situações positivas quanto reconhecer alguns erros. Tudo isso se mistura a uma sensação de compreensão sobre relações humanas, o colocar-me na pele de meus atletas para tentar entendê-los e ter a percepção exata deste momento. Tudo isso é motivo de atenção e possibilidade de crescimento pessoal para superar aquela sensação de solidão, que acomete a mim sempre que precisamos reverter os reveses em vitórias.
Acabo esta introdução e toca o telefone. Que delícia ouvir a voz de meu irmão, poder desejar a ele um ótimo domingo, ouvir palavras de incentivo, saber que somos queridos por muitos e ainda acreditar nos sinais de que as manifestações entre as pessoas são aquilo que realmente importam e dão valor a nossas vidas.
Aeroporto fechado em Curitiba e a necessidade de aguardarmos três horas no moderno aeroporto de Viracopos, em Campinas. Nada melhor do que pegar um bom livro e ocupar a mente praticando o exercício da leitura. Mas preferi rabiscar estas linhas, quem sabe antecipando o post de todas as segundas-feiras. Otimizar o tempo, buscar preencher o coração com algo que possibilite compreender um pouco mais o que sou, definir o que investir nas relações com meus atletas e também processar com mais rapidez esta sensação de vazio e tristeza, que não é o que desejo neste momento e em nenhum outro.
Minha mente só consegue expressar e comunicar a direção das ações para o jogo de amanhã e a continuidade da série, por meio de conteúdos vindos da alma, de forma espontânea, natural e afetiva. E esta escrita, volto a dizer, está possibilitando um reencontro com a luz e com os sinais tão evidentes da pureza d’alma no contato com o divino. Por isso mesmo, neste tempo de espera, consigo já agora visualizar o melhor para nossa equipe, para trazer à tona novamente, no treinamento do fim da tarde, nossa posição conquistada durante toda a fase de classificação, que é de praticar um basquetebol dinâmico, simples e moderno.
O incômodo da derrota não vai mudar em nada minhas convicções. Mais do que isso, fortalece nos meus sentidos a certeza de que a chave de tudo está na proposta de buscarmos agir de forma íntegra, independentemente de fatores ou circunstâncias às vezes sórdidas, sempre com honestidade, vontade de atingir os resultados com o esforço constante de realizarmos situações treinadas e com a busca de entendimento irrestrito.
Mais um telefonema interrompe meus pensamentos rabiscados. Que telefonema gostoso! Cheguei às lágrimas tal o grau de emoção sentido ao ouvir minha querida filha Melina, mãe recente de Alice, num passeio matinal com sua mãe Leila, amor da minha vida. Que bênção ouvi-la dizer que Alice está me mandando beijos. Vejo e percebo mais uma vez que é isso que nos conforta e dá motivação para exercer nosso trabalho ainda com mais satisfação e empenho.
Jogo 2, amanhã, segunda-feira, às 20 horas. O que é o tempo, como entender a velocidade e a passagem deste, quando num piscar de olhos estamos no centro de uma série de playoff extraordinária? Sim, espetacular. Jogando em menos de dois anos de projeto com o campeão paulista, em um confronto muito bem jogado. E agora faremos valer aquilo conquistado no desenrolar da competição, a vantagem de realizar maior número de partidas como o nosso mando de quadra. Amanhã, na volta do Espiga, a motivação de todos nós é grande. Além de superar esta barreira chamada Limeira, outro motivo que a mim estimula de forma incisiva é mostrar para aqueles homens mórbidos que o retiraram da primeira batalha, que são eles nossos mestres na virada que se inicia amanhã.
Aproxima-se do meio-dia, a espera será agora um encontro familiar. Luisão achou um restaurante no segundo piso e iremos todos juntos almoçar aqui no aeroporto. Não era o previsto, mas é assim que eu gosto, as interferências do clima, as circunstâncias fazendo com que nos adequemos a uma nova realidade. Estamos unidos, comungando juntos de mais uma refeição para, em seguida, eu ler para estes brilhantes atletas que embarcaram comigo nesta viagem, acreditando e lutando juntos por um ideal.
Batalha, revolução, idealismo, inconformidade, luta e entendimento entre todos. Palavras que resumem a semana que começa neste domingo. A cada passo dado, nos transportaremos para a evolução, para concretizar uma de nossas metas de forma que possamos dizer juntos que lutamos e aprendemos uns com os outros os ensinamentos deste milagre simples e sutil que é estarmos – eu, Luisão, Espiga, Edson, Shilton, Jefferson, Olívia, Andrés, Augusto, Fábio, Douglas, Fabiano, Adriano, Antwine, Tiagão, Jimmy, Rômulo, Romário, Barrueco, Lélo, Sandro, Silvério e Válter – todos juntos e unidos!
O paulista Alberto Bial nasceu em 1952. Começou a jogar basquete em 1966. Atuou no Fluminense, Flamengo, Municipal e Mackenzie. Em 1982, assumiu de vez o ofício de treinador. Foi campeão carioca, bicampeão goiano e quatro vezes campeão catarinense. Pelo Vasco, conquistou o Sul-americano de 1998. Bial treina o time masculino de Joinville desde 2005, além de atuar em programas sociais e integrar a equipe de comentaristas da SporTV.
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