Clark Gable e Vivien Leigh em cena de ...E o Vento Levou: livro e filme estão na webFoto: Divulgação |
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Papo de blog é igual a papo de crônica: tudo vale a pena se o espaço não é pequeno. Ou, como diria Fernando Sabino, a respeito da diversidade dos “sintomas” do que seja realmente uma crônica. “É como as piores doenças. Se não é aguda, é crônica”...
Crônica, nota, notícia, comentário, prosa, poesia - tudo cabe neste angu cibernético que o leitor ajuda a mexer, numa esquina imaginária do éter internetês – numa “esquina” virtual e universal, concebida pela “rede”, tão onipresente como um deus eletrônico.
Houve época em que se escrevia num papel ou numa lousa – os antigos quadros negros. Na verdade, quadros de pedra ardósia, que recebiam a garatuja dos alunos e a boa caligrafia dos professores. No tempo que os bichos e os professores falavam — e eram reverenciados em sala de aula, não era incomum o mestre ordenar ao pupilo:
— Pedrinho vá à pedra...
Hoje, ele diria:
— Entre no meu blog. Está tudo lá. Tem tudo sobre a matéria de hoje...
No blog cabe uma lição. Uma explicação. Uma opinião. Uma conversação. Uma história. Uma novela. Uma notícia. Até um romance. Tudo cai “na rede”.
Jornais e livros de papel têm cheiro de tinta fresca, quando novos. Ou de bolor, quando velhos. Mas há uns e outros inodoros. Sistemas eletrônicos de distribuição de texto estão inaugurando o livro virtual. Um deles, o “Microsoft Reader” já oferece romances épicos como ...E o Vento Levou, de Margareth Mitchell, com o “champignon” de permitir o acesso às imagens do famosíssimo filme de 1939, dirigido por Victor Fleming e estrelado por Clark Gable e Vivien Leigh.
Ler um livro tem os seus ritos. O escritor Otto Lara Resende tinha alguns fetiches com jornais e livros. Assim como não gostava de computadores, escrevendo numa velha máquina Remington em meados dos anos 1990, gostava de sobraçar jornais e livros, mantendo com eles um físico “intercurso”. Ato que não dispensava o prazer do “cheiro”, talvez com o mesmo espírito transgressor de um menino de rua ao cheirar cola de sapateiro.
Mas o velho Otto também era obrigado a admitir o “admirável mundo novo” que “já chegou” e que singra na web. E teve tempo de pressentir que chegaria o dia em que os jornais só se completariam através das duas formas. Com papel e tinta para os tradicionalistas. E, para os “cyber-pragmáticos”, ao mágico clicar de um botão, no “terreno” de um site ou na “esquina” de um blog.
Estou aqui para viver esses dois tempos, com a humildade e as limitações de quem está vivendo esse momento, o bonde cibernético puxado a burro — com este cronista no papel do burro.
Paciência, leitor. Vamos nos encontrar nessa “esquina”, sem exageradas expectativas. Quem conseguir contar uma novidade para o outro vai ganhar um jornal “de papel” de presente. Ou um livro “das antigas”, aquele artefato gráfico que foi aperfeiçoado por Gutemberg em Meinz, Alemanha, ano de 1450. Carícias entre mãos e livros já se acumulam por cinco séculos. Manuseios de jornais já deixam tintas na ponta dos dedos desde o século 16. Como decretar o fim deste concubinato?
Ora, eis um encantamento que ninguém deseja extinguir. Ler é fruir de um sexto sentido, não importa em que tipo de veículo apareçam as letras. O que muda é o “entregador”. O meio impresso chega com o som abafado de um maço de papel jogado no jardim. O jornal em blog chega pela mão dos blog-leitores, em “páginas” que não se “viram” – se “clicam”.
Entrem pessoal. “Enter” aí, gente. Tem “espaço” pra todo mundo.
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