Diagrama tático do Inter no 3-5-2, jogando pelos lados em velocidade |
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Trabalhei durante toda a semana na cobertura dos treinos do Inter. Sexta-feira, durante a entrevista coletiva, Tite admitiu que poderia alterar o sistema tático que utilizava até então - o 4-4-2 com meio-campo em losango - até fiz matéria sobre isso. O treinador colorado colocou como primeira alternativa o 4-4-2 em duas linhas, e citou também o 3-5-2, sem muito ânimo. Após, a reportagem lançou fichas no 4-4-2 em losango, divergindo apenas na escalação.
Tite, no 3-5-2 com o qual goleou o Goiás por 4 a 0, surpreendeu os repórteres, o Goiás, os colorados, e a si mesmo. Ele próprio, em nova coletiva consecutiva à vitória, falou que o desempenho e o resultado haviam superado as expectativas. Em função de todos os fatores: sistema novo, desfalques importantes, novas funções para novos jogadores, bom adversário, alguma contestação pública. O Inter superou tudo isso.
A principal aposta, na estratégia dentro do 3-5-2, foi adiantar a marcação. Tite posicionou os zagueiros acima da linha convencional, também subiu os volantes, encaixou os alas pelos lados, e com isso bloqueou o Goiás. Sem saída, o adversário cedeu posse de bola.
Com a bola, Tite investiu na articulação pelos lados. Todos estavam liberados para subir. Pela direita, o zagueiro Índio, o volante Magrão e o ala Danilo Silva. E pela esquerda, o zagueiro Fabiano Eller, o volante Guiñazu e o ala Kleber. Havia, claro, a alternância - Índio e Eller não subiam simultaneamente. Vai um, fica outro. Valeu o mesmo para os volantes. Sobe um, o outro não. Alas sim podem apoiar ao mesmo tempo - quando um tem a bola, o outro fecha em diagonal pelo meio.
Uma sincronia surpreendente para um time que não treina no 3-5-2, e com várias modificações na escalação. Giuliano, centralizado, movimentava-se de lado a outro, sempre na direção da bola, organizando as transições e sendo um belo articulador ofensivo.
Mas o 3-5-2 não foi a maior aposta. Poderia ser, mas o abandono do 4-4-2 em losango perdeu nesta tarde de domingo para a escalação de Marquinhos. Apostava-se em Bolaños e Edu. Talvez Léo e Edu. Mas nunca em Marquinhos e Edu. Pois Tite viu algo no garoto, colocou-o em campo, e permitiu aos colorados assistirem a uma atuação luxuosa de Marquinhos, que atuou da direita para o meio no 1º tempo, e da esquerda para o meio no 2º tempo.
Marquinhos repetiu uma característica recente dos atacantes que saem da base do Inter: velocidade para jogar verticalmente em diagonais às costas da zaga (cito Nilmar, Pato, Taison, Sóbis...todos com a mesma característica).
A principal pergunta é, depois de um desempenho acima da média: Tite vai manter o 3-5-2? Ou melhor: deveria manter o 3-5-2? Nem estou levando em consideração a escalação, somente o sistema tático. Será que o 3-5-2 conseguirá manter este nível, fazendo o Inter esquecer o 4-4-2 em losango? Quarta-feira as peças do quebra-cabeças começarão a se encaixar, quando Tite liberar a escalação do time que enfrenta o Atlético-MG. Só aí saberemos o sistema escolhido.
Sobre escalação, se o 3-5-2 for mantido, Tite se verá frente a vários dilemas (não pontuais para o jogo de quarta, mas sim para uma eventual afirmação do 3-5-2 durante a sequência do Brasileirão, com todos os jogadores suspensos, lesionados, contratados, promovidos ou convocados à disposição):
1) Há lugar para apenas um articulador. Giuliano, D'Alessandro e Andrezinho brigam pela vaga. Três jogadores para uma camisa apenas.
2) Há lugar para dois volantes. Sandro, Magrão e Guiñazu brigam por duas vagas. Três jogadores para duas camisas.
3) Há lugar para três zagueiros. Sorondo, Índio, Fabiano Eller e Bolívar brigam por três vagas. Quatro jogadores para três camisas.
4) Há lugar para dois atacantes (dilema que se apresentará em qualquer sistema escolhido). Alecsandro me parece titular incontestável. Sobra uma vaga. Taison, e agora Edu e Marquinhos - Bolaños corre por fora - brigam por ela.
As certezas são as alas. Na direita só tem o Danilo Silva, que foi muito bem. Bolívar no 3-5-2 é zagueiro, e deve disputar com Sorondo a sobra, já que Índio na direita e Eller na esquerda apresentam ótimas alternativas de apoio em auxílio às alas. E na esquerda Kleber é titular.
Fica o 3-5-2? Como montar este time? São muitos jogadores para poucas vagas, principalmente no meio. Faltará lugar até no banco de reservas. Mas, antes das respostas, mesmo que a amostragem seja de apenas um jogo, é justo dizer: mérito do Tite. Aplausos ao treinador. Ele apostou no 3-5-2, apostou nesta mudança repentina, apostou em Marquinhos, apostou em Giuliano adiantado. E venceu incontestávelmente. Mão do treinador.
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