O Estudiantes atua no 4-4-2 com apenas um volante, sem deixar de ser forte na marcação |
Esta é para fazer os "combatentes da faceirice" tombar da cadeira. O Estudiantes, como já foi debatido aqui no Preleção, joga com apenas um volante. Está na final de uma competição extremamente dura, que exige vigor e marcação. E prestes a completar 800 minutos sem sofrer gols. O quê? Um volante e defesa sólida? "Mas como?", diriam alguns. Esse time é "faceiro!" (sic). Brincadeiras à parte, mais uma equipe comprova que o número de volantes escalados não é diretamente proporcional à segurança ofensiva. Todos marcam. Todos jogam.
O Estudiantes de Alejandro Sabella reproduz quase à semelhança completa o 4-4-2 britânico utilizado por Liverpool e Manchester United antes da temporada 2008/2009 (quando essas duas equipes optaram pelo 4-5-1). O time de La Plata tem uma linha defensiva de quatro jogadores, sucedida por outra linha de quatro meio-campistas. À frente, dois atacantes de mobilidade e boa capacidade de conclusão.
No meio-campo, o Estudiantes conta na prática com apenas um volante: Braña. Verón é apoiador, enquanto Benítez e Pérez são os meias-extremos (wingers). Funciona da seguinte forma: sem a bola, as duas linhas aproximam-se, compactando defesa e meio. Verón e Braña, centralizados, combatem à frente da área; Pérez e Benítez fecham os lados, cobertos pelos dois laterais.
Com a bola, o Estudiantes segura Braña, e libera Verón. O primeiro é volante; o segundo, apoiador. Na Inglaterra, Verón seria chamado de "box-to-box". É o jogador que marca à frente da área, sem a bola, e apoia até a entrada da área adversária com a bola. Os dois meias-extremos apoiam simultaneamente, enquanto os laterais alternam - um sobe, o outro fica. Nesta situação, Braña faz a cobertura de qualquer dos lados. Perdida a bola, a equipe tem pelo menos quatro jogadores compactados na cobertura: os dois zagueiros, um dos laterais, e o volante Braña. Que, por sinal, é um peleador invejável.
Verón organiza o time e distribui as jogadas pelos lados. Da direita para a esquerda, com passes curtos ou inversões. E, como em todo bom 4-4-2 britânico, faz os lançamentos pelo chão para as infiltrações dos atacantes Fernández e Boselli. Ambos são jogadores de movimentação, que saem de lado a outro, e procuram jogar sobre a linha defensiva adversária para receber às costas, e concluir. Não têm vergonha de bater a gol. Pelos lados, contam com a passagem dos wingers para as tabelas e as jogadas de linha de fundo.
É o mesmo, por exemplo, que fazia o Liverpool em 2007/2008. Mascherano e Gerrard centralizados, com Kuyt e Babel de wingers. Mascherano era o volante marcador, Gerrard o box-to-box que apoiava e organizava, com a passagem simultânea dos dois meias-extremos. Na mesma temporada, o Manchester United também tinha essa característica. Um meio-campista centralizado marca mais, o outro apoia mais: um volante apenas. Por sinal, Verón sabe muito bem como cumprir esta função do "box-to-box", afinal, já a executou pelo próprio Manchester.
A diferença do Estudiantes é a característica dos seus meias-extremos, jogadores que procuram mais a jogada curta, e menos a profundidade, em comparação com os ingleses. Eles fazem boas diagonais, e como argentinos que são, gostam de tabelar com os atacantes na entrada da área. É um time forte, que não perde capacidade de marcação sem a bola, e se torna extremamente compacto, com inúmeras variações de jogadas, a partir do campo ofensivo.
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