O Cruzeiro, contra o São Paulo, superou as ausências de Ramires e Fabrício com belas variações de estratégia no 4-4-2 |
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O Grêmio vai enfrentar o Cruzeiro na semifinal da Libertadores. Seria melhor se deparar com o São Paulo, com seu sistema tático esgotado, e a crise técnica de jogadores importantes. Além do belo histórico gremista contra os tricolores do Morumbi. Mas será contra o Cruzeiro, um time em boa fase, com jogadores em excelente momento, e no Mineirão - onde o Grêmio costuma se complicar. Então, vamos ao debate sobre o Cruzeiro.
No 4-4-2, a virtude do Cruzeiro está no meio-campo. Conforme o adversário, ou até dentro de uma mesma partida, a equipe mineira apresenta variações táticas significativas no desenho de meio-campo, e na movimentação de seus volantes e articuladores. A base do Cruzeiro é um quadrado, com dois volantes e dois meias. Mas a estratégia do técnico Adilson Batista permite inversões, trocas, e novas formações geométricas.
Ontem, contra o São Paulo, o Cruzeiro teve Elicarlos como primeiro volante, mais à direita; Marquinhos Paraná de segundo volante, mais à esquerda; Henrique como apoiador, abrindo para a direita; e Wágner na articulação, da esquerda para o meio. O desenho se assemelhava a um quadrado. Mas a saída constante de Marquinhos Paraná pela esquerda, empurrando Wágner para o meio, e simultânea ao apoio de Henrique, transformava o meio cruzeirense em losango.
Este será o dilema do Grêmio contra o Cruzeiro: não se sabe o que Adilson Batista vai aprontar. Ele aperfeiçoou sua característica de "professor Pardal", como era chamado - o técnico que muda o time a toda hora, de acordo com o adversário. Agora, ele sustenta uma base tática sólida, e faz pequenas variações de estratégia. Não há como prever a formação, o desenho, ou a movimentação dos jogadores deste setor.
Na teoria, o Cruzeiro não terá Fabrício nos dois jogos. E Ramires retorna em Porto Alegre. Tudo indica que no Mineirão se mantenha a mesma escalação de ontem. Marquinhos Paraná entraria em choque com Tcheco, e Henrique com Souza. Elicarlos sobra, e Wágner tenta se desvencilhar dos volantes gremistas. Nesta situação de encaixe dos meias tricolores, a passagem de Adilson será fundamental para o Grêmio.
No jogo de volta, com Ramires,o quadrado se consolida melhor. Ele e Wágner formam a segunda linha, com pés invertidos, e na primeira linha ficam M.Paraná e Henrique. Se Fabrício se recuperar, ele entraria no lugar de Henrique. Nas duas situações, sobra Elicarlos. Notem que são muitas opções de nomes, que possibilitam ao treinador uma paleta diversa de alternativas táticas no setor mais importante. O meio-campo é a grande virtude do Cruzeiro.
O time conta ainda com boas opções de laterais apoiadores nos dois lados - Jancarlos e Jonathan na direita, Sorín, Gérson Magrão e Athirson na esquerda. O ataque tem um contraste, entre o excelente Kleber, e o injustificável Welington Paulista. A zaga é apontada como a carência, pela lentidão dos jogadores e pelos seguidos desfalques por lesão. Mas eu ainda não os vi falhar a ponto de concordar plenamente com esta tese.
O Cruzeiro é um grande time, isto é um fato. A virtude está no meio-campo - outra constatação importante. O apoio pelos lados é forte. E há um grande atacante finalizador. Como o Grêmio pode se desvencilhar destas dificuldades para superar o Cruzeiro? Está aberto o debate, que se prolongará até o início das semifinais...
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