A Itália joga no 4-5-1, com bloqueio defensivo pelo meio, e combinações pelos lados do campo |
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Quem vê a Itália jogando na Copa das Confederações pensa estar assistindo ao Milan de Carlo Ancelotti. O engano só é desfeito pela cor do uniforme, e pelos jogadores escalados. Marcello Lippi reproduz na Azzura o mesmo sistema tático recente do Rossonero, que agora tem o brasileiro Leonardo como treinador, e deve alterar.
A Itália joga no 4-5-1, com três volantes e dois meias abertos pelos lados. São os três volantes os responsáveis pela organização da equipe. Hoje, contra o Egito, Lippi posicionou De Rossi centralizado, Gattuso na direita e Pirlo na esquerda. O trio agrupa-se, formando um triângulo quase transformado em linha. E têm liberdade para apoiar alternadamente.
Quando Gattuso sai, De Rossi e Pirlo fecham a frente da área e fazem a cobertura pelo meio ou pelas laterais, também cuidando a segunda bola. O mesmo acontece quando sai Pirlo, ou De Rossi. Todos podem avançar, desde que os outros dois permaneçam posicionados. E na segunda bola, é grande a aposta nos chutes de média distância com qualquer um deles.
A estratégia da Itália, entretanto, prioriza as jogadas forçando o 2-1 nas laterais. Na direita, Zambrotta apoia e chama a companhia do meia-extremo Rossi. Na esquerda, hoje a combinação ficou sob responsabilidade do lateral Grosso e do meia-extremo Quagliarella. Para fechar uma triangulação, no apoio alternado, a dupla destra atria Gattuso, e a canhota imanta Pirlo.
Mas, assim como no Milan, a predileção pelo bloqueio defensivo - em uma combinação de sistema tático, estratégia e característica dos atletas escalados - torna a Itália um pouco previsível. Quando precisa propôr o jogo, a equipe não encontra boas variações. Já havia acontecido isso contra os EUA, e hoje o problema se repetiu frente ao Egito. Não por acaso, carência criativa semelhante acometeu o Milan durante toda a Era Ancelotti, embora entre seus volantes do trio ele tivesse opções mais ofensivas, recuando Beckham e Seedorf quando necessário.
A Itália tem bons atacantes convocados. Gilardino, que foi titular contra os EUA; Luca Toni, embora tenha se consagrado como jogador de clube, mas não de seleção. Não é necessário que o nome se imponha - o goleiro Rubinho trouxe a curiosidade, na transmissão da Sportv, sobre o apelido de quem se mantém na seleção italiana pelo histórico de serviços prestados: os Senadores. Lippi, para privilegiar os três senadores do meio-campo, planeja um sistema muito engessado. Não seria um crime substituir um dos volantes - Pirlo ou Gattuso - por um atacante.
Na prática, o resultado deste pragmatismo à moda Ancelotti foi uma atuação burocrática contra os EUA, em jogo vencido de virada com um jogador a mais no 2º tempo e com gols de média distância, sem infiltração nem oportunidades de gol criadas em jogadas combinadas; e uma derrota para o Egito, novamente sem boas chances, sem construção, e sem criatividade.
O Brasil deve se deparar no encerramento da 1ª fase com uma Itália desta forma: bloqueando a frente da área com três volantes, e procurando a saída pelos lados, arriscando de longe e fazendo ligação direta com o único atacante. A não ser que Lippi repense esta estratégia, as mudanças mais lógicas em comparação com o jogo contra o Egito devem se resumir apenas à escalação.
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