No diagrama tático, o 4-1-4-1 norte-americano, com duas linhas recuadas, um volante entre elas, e um atacante isolado |
Assisti ao jogo dos Estados Unidos contra a Itália, na rodada de abertura da Copa das Confederações. Não há dúvida: na quinta-feira, o Brasil terá pela frente uma equipe muito fiel ao mais tradicional sistema tático 4-5-1 britânico, mais conhecido como o 4-1-4-1. A estratégia também lembra o estereótipo do futebol inglês até a qualificação da Premier League derrubar o preconceito.
No 4-1-4-1, os EUA formam um paredão defensivo. São duas linhas de quatro jogadores, a defensiva e a de meio-campo, com um volante entre elas, e um atacante isolado à frente. Ambas se agrupam, formando linhas próximas da intermediária defensiva para trás. A estratégia privilegia primeiro a defesa, abdicando da posse de bola, e investindo no contra-ataque como resposta.
A virtude defensiva dos EUA se ampara ainda na força física. Os jogadores, além de disciplinados taticamente - mantendo sempre o posicionamento, sem desmanchar o 4-1-4-1, e abnegados no cumprimento das táticas individuais - são fortes, e gostam de jogar em contato físico. Não se envergonham em cometer faltas, trombar, dar carrinhos, e costumam ter boa vantagem na bola aérea.
Não por acaso, a virada da Itália surgiu a partir da metade do 2º tempo, em gols de média distância. Sem encontrar espaços nas agrupadas duas linhas guarnecidas ainda por um volante na cobertura, os jogadores da Azzurra começaram a chutar de longe. E com a mira calibrada, venceram os EUA sem conseguir se infiltrar na área do adversário.
Talvez esta seja uma boa dica para o Brasil. Chutar de longe. Aproveitar-se da qualidade de Daniel Alves, Elano, Kaká e Felipe Melo nas conclusões de média distância, combinando potência e precisão. Não se descarta, entretanto, emplacar infiltrações com bola pelo chão, aproveitando-se que jogadores mais corpulentos tendem a perder na velocidade.
O Brasil atua com três meias ofensivos. O mais lógico será Dunga buscar um posicionamento que mantenha estes três jogadores entre as duas linhas, forçando os norte-americanos a desagrupar o posicionamento, o que pode abrir espaços. André Santos na lateral, substituindo o burocrático Kleber, não é má pedida. Outra alternativa, que Dunga sempre descarta de início, seria trocar Felipe Melo ou Gilberto Silva por um apoiador com saída de bola em condução rápida - poderia ser Ramires.
Sem a bola, o Brasil precisa cuidar a saída pelos lados - principalmente com Donovan na direita (às costas de Kleber ou André Santos) e o contato físico do centroavante Altidore, que volta para buscar jogo - trazendo um zagueiro consigo - para girar no pivô, receber às costas, e na trombada buscar a definição da jogada.
Na linha de meio-campo, os EUA não terão o expulso Clark, que pode ser substituído por Beasley, um jogador com características um pouco mais ofensivas, que pode qualificar a saída de jogo. Mas não sou conhecedor do elenco norte-americano, talvez outra opção que eu não levei em consideração seja utilizada pelo técnico para o lugar de Clark.
Outra boa alternativa para o Brasil, concluindo o raciocínio: qual jogador no país tem demonstrado maior talento para vencer defesas alinhadas, com infiltrações em velocidade? Nilmar. Se Dunga colocá-lo no banco, a entrada do camisa 9 colorado pode desobstruir bloqueios e encontrar espaços, caso o Brasil necessite desta alternativa tática.
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