Grêmio apresentou boas variações para a manutenção da posse de bola, com jogadores próximos, trocando passes no campo do adversário |
Apesar de todas as circunstâncias - o Fluminense não é um time de extrema qualificação, houve oscilações durante a partida, e não saiu a vitória - o Grêmio se comportou fora de casa como há muito não se via. Graças ao 4-4-2, sistema tático com o qual Paulo Autuori promete sepultar o 3-5-2 à brasileira, aquele dos três zagueiros fixos, dos alas abertos, da marcação por função, do apoiador solitário no vai-vém de área a área, da ligação direta, da desarticulação e do aluguel do meio-campo.
O Grêmio foi superior ao Fluminense. Mesmo fora de casa, não se acovardou, e procurou se defender com a bola no pé. Ao invés de recuar, desde o início propôs o jogo. Teve posse de bola, e fincou sua bandeira no meio-campo - coisa que ninguém ousaria imaginar no 3-5-2 - mesmo que o Fluminense tivesse no setor cinco jogadores. Supremacia numérica do Flu, supremacia tática do Grêmio.
Houve problemas, é lógico. A equipe oscilou demais. Até pela característica de seus meias, que costumam mesmo oscilar. Tcheco e Souza começaram a partida em alto nível, com belas assistências, oportunidades de gols criadas, e muita movimentação. Ambos inverteram posições, com Tcheco passando pela esquerda e Souza caindo para a direita por vezes, depois retomando a formação original. Mas em determinados momentos, Tcheco e Souza caíram de produção. Não acredito que seja condenável. Eles me parecem jogadores que têm esta característica, de aumentar a diminuir a voltagem dentro de um mesmo jogo.
Thiego foi o grande nome do Grêmio. Posicionado como um lateral-base na direita, o zagueiro improvisado se viu frente ao principal setor do Flu, com as descidas de João Paulo, Conca e Thiago Neves. Não perdeu uma jogada sequer. Não sei quanto aos leitores, mas foi - acredito - uma atuação suficiente para que Thiego seja mantido, comprovando-se ou não sua eficácia na função em mais dois ou três jogos.
Com Thiego na base, o Grêmio imantou-se ao lado esquerdo. E, quanto mais acionado, mais Fábio Santos revelou limitações técnicas e táticas - em cruzamentos, passes curtos, escolhas erradas na movimentação. É válido cogitar: se Thiego se afirmar na lateral-base pela direita, não seria oportuno testar Jadílson na esquerda? É uma hipótese que não se pode descartar.
Adilson também cresceu no 4-4-2. Ele é volante, não é um apoiador "box-to-box" como exigia o 3-5-2. No desarme, roubando e entregando aos meias, Adilson desfez a má imagem recente. Recuperou crédito. Formou bela dupla com Túlio, outro jogador eficiente no combate, e restrito a isto. Desarma, entrega para o articulador do setor. Feijão com arroz.
Nota-se que Autuori quer jogar com bola no chão. O Grêmio articula-se, com dois meias, trocando passes. Valorizou a posse de bola - repito - como há muito não se via. Se antes o time se resumia ao "balão para o Marcel", ontem criou jogadas pelo chão. Não dependeu apenas das jogadas de bola parada. Ofereceu oportunidades de infiltrações às costas da zaga, movimento no qual Maxi López se deu muito bem, e Alex Mineiro naufragou. Herrera, quando entrou, viu-se melhor do que o camisa 9.
São as primeiras constatações. Posso ter cometido alguns equívocos de observação. Estou convicto da afirmação do 4-4-2. Gostaria de ver Thiego mantido na lateral-base; a troca de Fábio Santos por Jadílson; e a entrada de Herrera no lugar de Alex Mineiro. Apesar de toda a oposição de setores da torcida, Tcheco e Souza me pareceram bem - é preciso se acostumar às oscilações de ambos (mesmo subindo e descendo de produção, criaram excelentes chances de gol e participaram da movimentação da bola no controle da posse).
Frente a tudo isso, o Grêmio poderia arriscar o seguinte time contra o Caracas: Grohe; Thiego, Léo, Réver e Jadílson; Túlio, Adilson, Tcheco e Souza; Herrera e Maxi. Mas eu acredito que Autuori, treinador experiente que é, queira se assegurar das primeiras avaliações, e deve manter o time que enfrentou o Fluminense. Eu não vejo problema nisto.
O essencial é a permanência do 4-4-2 que valoriza a posse de bola e cria jogadas pelo chão. Agora, definir a escalação ideal é apenas questão de tempo.
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