A comparação dos diagramas táticos da Espanha contra a Nova Zelândia, no 1º tempo e no 2º tempo. |
Hoje posso atender aos muitos pedidos por uma análise tática da Espanha aqui no blog Preleção. Sim, eu sei, a Nova Zelândia goleada por 5 a 0 não é um bom parâmetro. Que se compare, então, a Espanha com ela mesma, recente campeã da Euro 2008, líder do ranking da Fifa, e liberta do estigma de seleção "amarelona".
Sem Iniesta e Marcos Senna, a Espanha tende à centralização das jogadas. No 1º tempo da vitória de hoje, a Fúria concentrou toda sua articulação no círculo central do gramado. Vicente Del Bosque posicionou Xabi Alonso pouco mais atrás, como vértice central do triângulo; Xavi e Fábregas quase se alinharam, com o meia da Espanha mais à esquerda, e o do Arsenal à direita. Afastado do triângulo central, Riera atuou aberto na esquerda, à semelhança de sua função como winger no Liverpool.
*Atualização: na Eurocopa, nem Fábregas, nem Riera, nem Xabi Alonso eram titulares com Aragonés, como bem lembra o leitor Daniel Seidel. A Espanha jogava com Marcos Senna e Xavi centralizados, e com Silva e Iniesta abertos pelos lados. Sem Senna, Silva e Iniesta, a equipe se modificou. Sem perder qualidade - embora com três alterações, mudou da variação de lado a outro para a concentração pelo meio.
Centralizada, a Espanha joga com a bola no chão. Troca passes. Os meias se movimentam insistentemente. Fábregas entra na área. Torres e Villa trocam de lado constantemente, o primeiro da direita para a esquerda, e o segundo no caminho inverso. Ambos voltam para tabelar. A Fúria, em resumo, investe na aproximação de seus talentosos jogadores, que jogam em espaços curtos, com movimentação e muitos passes. Contra a Nova Zelândia, esta estratégia rendeu 59% da posse de bola, e cinco gols (três do Torres, um do Fábregas e outro do Villa).
No 2º tempo, Del Bosque recuperou a mesma formação tática da Euro 2008. Xavi, aos 9min, deu lugar a Santi, que abriu pela direita. Riera permaneceu no lado esquerdo. Fábregas trocou de posicionamento, passando da direita para a esquerda. E Xabi Alonso deu alguns passos à direita. Constituiu-se, assim, uma espécie de linha britânica, com meias-extremos pelos lados e dois centralizados pouco atrás. A movimentação do 1º tempo agregou com isso melhor distribuição pelo campo, com alternativas para inversão de pé em pé.
A principal virtude da Espanha é contar com meio-campistas de extrema qualidade - somando Euro e Copa das Confederações, citamos sete jogadores de alto nível (Xavi, Iniesta, Fábregas, Xabi Alonso, Riera, Silva e Marcos Senna). E Del Bosque não inventa. Do contrário, privilegia a técnica dos jogadores do setor aproximando eles, aplicando uma estratégia de bola no chão, troca de passes, infiltrações e movimentação em espaço curto. Talvez um questionamento oportuno aos adversários da Fúria é: qual o melhor sistema de marcação para enfrentar e parar uma equipe que joga pelo chão, com tamanha qualidade?
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