O 4-5-1 do Brasil exige a presença de um jogador de referência |
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Estou curioso para saber duas coisas: como será o comportamento da Seleção Brasileira jogando em casa contra o Paraguai? E quem substitui o centroavante de referência Luís Fabiano - Pato ou Nilmar? Vale lembrar que, apesar da boa campanha e da liderança nas Eliminatórias Sul-Americanas, Dunga sempre trabalhará sob pressão em jogos no Brasil, aquela velha e clichê pressão do centro do país por espetáculo, malabarismos e goleadas. Mas, este blog é para análises táticas, então vamos a elas.
O Brasil mantém seu 4-5-1 muito semelhante ao do Inter antes da saída de Alex. O meio-campo tem um desenho de losango, com um ponta-de-lança fazendo a conexão entre o articulador e o atacante. No Inter, o canhoto Alex fazia este papel, da direita para o meio. Na Seleção, é o destro Robinho, também com pé invertido, da esquerda para o meio.
As diferenças são de estratégia. O lateral-apoiador da Seleção fica na direita, e apoia muito - Daniel Alves, ou Maicon, qualquer um deles avança com qualidade. Para compensar, Dunga fixa Robinho na esquerda, apresentando variações de jogadas pelos dois lados.
Pelo centro, Kaká é o articulador-condutor, que busca infiltrações, guarnecido por um trio de volantes muito mais volantes do que os do Inter. Na esquerda, Kleber praticamente não sobe, protegido por Felipe Melo, enquanto Elano faz a cobertura de Daniel Alves, e Gilberto Silva mantém-se à frente da área para combater qualquer diagonal adversária.
Somando todas as movimentações do Brasil, em seu 4-5-1, uma coisa é óbvia e evidente e latente e facilmente perceptível. A Seleção adotou o contra-ataque como estratégia. Contar com três volantes próximos uns dos outros, um lateral-base, e investir a saída de bola em velocidade com o lateral-direito, o meia centralizado ou o meia aberto na esquerda é demonstração clara de vocação reagente.
O Brasil cede campo e posse de bola ao adversário propositalmente, pensando em retomar e sair rápido. É por isso que a Seleção se dá tão bem fora de casa. O adversário sente-se na obrigação de atacar, desorganiza-se, e sofre duas ou três estocadas mortíferas. Daí em diante, o jogo fica cada vez mais à feição do Brasil, que se ampara - quando todo o sistema defensivo se dá mal - no sobrenatural Júlio César. Assim o Brasil goleou Venezuela e Uruguai fora, despachou o Chile, quase venceu o Equador, e por aí...
E é por isso também que o Brasil passa por tamanha dificuldade jogando em casa. Aqui, a Seleção é pressionada pela vitória - pela torcida, pela imprensa, por si mesma. Precisa protagonizar a partida. Organizar-se. E, voltada ao contra-ataque, não consegue se articular. Gira a bola de pé em pé, mas sem espaços torna-se um time previsível e lento. Assim, o Brasil empatou com Bolívia, Colômbia...O melhor, nesta situação, seria ampliar o poder de articulação, ou com a entrada de outro organizador, ou de outro atacante, no lugar de um dos três volantes, frente ao Paraguai.
Mas Dunga vai manter o 4-5-1. Talvez adiante Robinho. É o máximo que se prevê. Frente a este cenário, para mim o mais lógico - sem o pivô de Luís Fabiano - é colocar Alexandre Pato no time. Embora vista a camisa 9 no Inter, Nilmar joga aberto da direita para o meio, buscando sempre infiltrações com bola no chão, em um time que também se vocaciona para os contra-ataques incisivos e letais. Já Alexandre Pato ganhou força física e no Milan atuou como centroavante de referência, segurando zagueiros com as costas, fazendo pivôs, segurando a bola, combatendo e combatido por trogloditas.
O Brasil terá um provável paredão defensivo pela frente. Não conseguirá fáceis infiltrações pelo chão. A figura do homem de referência, para fazer o pivô, girar, concluir de cabeça, segurar zagueiros, é essencial. Alexandre Pato deve ser o escolhido dentro desta perspectiva. O ideal seria contar com ambos. Nilmar no lugar de Elano, por exemplo, aberto na direita, com Robinho na esquerda, ambos alinhados com Kaká pelo meio, reeditando o 4-5-1 do Arsenal. Mas isto Dunga não fará. Então, na teoria, eu sou mais Pato contra o Paraguai. Em todo caso, Nilmar pode ser o escolhido, e arrasar na partida. Só quarta-feira saberemos...
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