Diagramas táticos do Botafogo no 3-5-2; e do Grêmio, com sua nova movimentação defensiva. |
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Final de semana, assisti ao jogo Botafogo x Corinthians, já pensando em trazer ao debate uma análise do próximo adversário do Grêmio, logo na estreia do técnico Paulo Autuori. E, adivinhem? O Botafogo é mais uma equipe que aderiu à moda do 3-5-2 à brasileira nas últimas temporadas.
O Botafogo joga no 3-5-2 com três zagueiros fixos, alas abertos e três homens no meio campo, sistema e estratégia semelhantes aos de Flamengo, Coritiba, Grêmio da Era Roth, São Paulo, Palmeiras, Sport Recife...e tantos outros inoculados pelo vírus. Com isso, a equipe é pouco criativa no meio-campo, embora seja menos vulnerável que alguns representantes deste sistema no Brasileirão.
A saída de Maicosuel agrava o problema na articulação do Botafogo. No 3-5-2 à brasileira, a equipe confiava na boa fase do apoiador para chegar à frente. Maicosuel surgia como um terceiro atacante, conduzindo a bola até a frente. Sem ele, o Botafogo perdeu infiltração, velocidade na saída de bola e objetividade.
Contra o Corinthians, a equipe teve muitas dificuldades para criar chances de gol. Os alas sobem, mas não contam com parceria para as triangulações. Os dois atacantes - Victor Simões e Jean Coral - correm para a área buscando a finalização. Tony, que provavelmente vai substituir Jean Coral, também é jogador de finalização. No meio-campo a característica principal dos atletas - Fahel e Túlio Souza, principalmente - é o combate e a marcação. Rodrigo Dantas, substituto de Maicosuel, tocou poucas vezes na bola.
Ney Franco, ao contrário daqueles que adotam a saída pelo lado, libera Juninho pelo meio. O zagueiro-capitão costuma aproximar-se dos atacantes de surpresa, buscando principalmente a conclusão a média distância, sua principal virtude. Ainda assim, é uma jogada mais de iniciativa pessoal, do que propriamente uma articulação organizada e sincronizada.
NOVO GRÊMIO: do outro lado, Autuori preparou mudanças durante a semana. Tive a oportunidade de acompanhar no Estádio Olímpico um treinamento, em cobertura para o clicEsportes, onde o treinador modificou a movimentação da defesa gremista sem abdicar inicialmente do 3-5-2. Ou seja, adotou nova estratégia, sem mudar de sistema tático.
Antes, com Roth e Rospide, os alas do Grêmio não tinham cobertura. A saída era simultânea, abrindo duas avenidas nos lados. Como os zagueiros marcam individualmente os atacantes, e o da sobra é fixo (não se movimentava para os lados), muitos adversários - principalmente o Santos - se aproveitavam disto.
Agora, Autuori treinou a defesa para impedir o apoio simultâneo dos alas, e para definir a cobertura de quem sai. O que demonstra, ao menos, que ele diagnosticou o principal problema tático do Grêmio - combatido há meses por mim aqui no Preleção - desde o início da Era 3-5-2.
Notem a simulação no diagrama tático que ilustra o post: quando um ala apoia, é como se trouxesse outros quatro companheiros amarrados em cordinhas imaginárias. Ruy sobe pela direita; Léo se torna lateral, na cobertura; Rafael zagueiro pela direita; Réver, zagueiro pela esquerda; e Fábio fecha como um lateral, alinhando a defesa. Vale o mesmo para o outro lado: Fábio sobe, Réver cobre na lateral, Rafael e Léo formam a dupla de zaga, Ruy fecha como lateral, completando a linha defensiva.
Autuori adotou esta nova movimentação, não apenas para definir a cobertura pelos lados, mas também para liberar Tcheco. Sem o apoio simultâneo dos alas, o Grêmio com a bola vai variar do 3-5-2 para o 4-4-2, em um início de transição gradual entre os dois sistemas. O meio-campo do Grêmio agora tem um formato de triângulo, com Túlio de vértice à frente da área, e a dupla Tcheco-Souza adiantada, alinhada e próxima, para municiar o ataque. Antes, para auxiliar Adilson na cobertura pelos lados, Tcheco precisava defender e armar, sacrificando-se.
Não sei se vai dar certo, mas é uma bela iniciativa. Ainda mais frente ao Botafogo com seu rígido 3-5-2 à brasileira. Tudo indica que, se obtiver sucesso nesta nova sincronia de movimentos, o Grêmio vai prevalescer numericamente no meio-campo, e os atacantes receberão mais assistências. Assim, o Grêmio deve criar outras chances de gol que não apenas em bolas paradas, como acontecia anteriormente. Mas, reitero, veremos se a prática confirma a teoria no confronto de domingo. Até porque Ney Franco, a exemplo de Autuori, pode preparar alguma surpresa desconhecida por nós.
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