Diagrama tático do Coritiba mostra a equipe no 3-5-2 brasileiro, com três zagueiros fixos, nenhum volante nato, alas abertos e três homens no meio-campo. |
A menos que Renê Simões faça alguma alteração estrutural significativa, o Coritiba não deve oferecer uma resistência ameaçadora ao Internacional. Nas quartas-de-final da Copa do Brasil, a equipe paranaense foi pior do que a Ponte Preta nas duas partidas (empatou em 2 a 2 fora, venceu por 1 a 0 com um gol no final em casa), mas passou de fase graças à qualidade de alguns jogadores muito importantes. Coletivamente, a Ponte Preta jogou melhor.
Para o Inter, a boa notícia é saber que o Coritiba atua no 3-5-2 brasileiro - três zagueiros fixos na área, alas abertos, e apenas três jogadores no meio-campo. Este sistema tático, que já provocou diversas dificuldades ao Coritiba contra a Ponte, pode torná-lo refém de si mesmo contra o Inter. Afinal, as virtudes do 4-4-2 com meio-campo em losango do Inter encaixam-se perfeitamente nos defeitos do 3-5-2 do Coritiba.
Uma boa base de comparação para os colorados é o embate com o Grêmio de Celso Roth nos Gre-Nais deste ano. Com três zagueiros fixos, alas abertos e marcação por função, o rival do Inter entregou o meio-campo nos clássicos e viu seus zagueiros expostos à velocidade dos atacantes Nilmar e Taison. Na marcação por função, típica do 3-5-2, Magrão e Guiñazu abriram a frente da área, e o colorado sempre dominou as partidas controlando a posse de bola.
O Coritiba, no seu 3-5-2 brasileiro, tem três zagueiros fixos - Rodrigo Mancha pela direita, Pereira pelo meio, e Felipe na esquerda. Todos eles são fortes, mas lentos. Bons na bola aérea (que o Inter não costuma utilizar), mas vulneráveis nas jogadas em velocidade e nas infiltrações - exatamente a característica da articulação colorada.
O Coxa joga preferencialmente pela esquerda. Neste setor avançam o ala Vicente, o meio-campista Carlinhos Paraíba e o organizador Marcelinho Paraíba. Além deste trio, o atacante argentino Ariel também pende à esquerda. São quatro canhotos, sempre dispostos a triangular por este lado. Na direita, o ala Márcio Gabriel apoia bastante, mas praticamente sozinho. Ele conta apenas com os avanços eventuais de Rodrigo Mancha, zagueiro que faz a saída do trio, ou com a parceria do tímido atacante Marcos Aurélio.
No meio-campo, o problema do Coritiba é não ter um volante fixo. Carlinhos Paraíba é um jogador extremamente talentoso, e com um vigor físico impressionante para jogar no vai-vem, de área a área, cobrindo o ala Vicente e aparecendo para o jogo. Mas, por isso mesmo, movimenta-se demais e guarda pouco a posição. Leandro Donizete também passa da linha da bola. E Marcelinho é o ponta-de-lança, que joga avançado.
A equipe de Arte da zerohora.com preparou um gráfico com estas informações. Ficou muito legal, até porque os jogadores se movimentam no sistema tático. Confiram no link abaixo:
COMO JOGA O CORITIBA - INFOGRÁFICO ANIMADO
COMO O INTER PODE TIRAR VANTAGEM? Sendo o Inter do Gauchão. Tendo em Bolívar o lateral-base, por sua própria caracterísitca já estará atento ao lado forte do Coxa. E com a posse de bola, o colorado de Tite deve encaixar três jogadores contra apenas dois: Magrão, Guiñazu e D'Alessandro, marcados por Carlinhos Paraíba e por Leandro Donizete. Pode ser que, sem o suspenso Marcelinho Paraíba no primeiro jogo, Renê Simões abdique de um articulador e escale um homem de marcação para equilibrar numericamente o setor.
Na frente, a vantagem do Inter é impositiva. Terça-feira, mesmo no Paraná, perdi as contas do número de infiltrações dos meias, atacantes, e até dos volantes da Ponte Preta às costas da defesa do Coxa. Todos os três zagueiros são lentos, e marcam a bola. Jogando do lado para o meio, às costas dos alas, Nilmar e Taison devem tirar proveito deste erro conceitual do 3-5-2 brasileiro.
O QUE É PRECISO CUIDAR: Carlinhos Paraíba é um jogador talentoso. Joga com muito empenho, tem habilidade e conclui bem de média distância. Precisa ser vigiado de perto por Magrão. Mas a maior virtude ofensiva do Coritiba - novamente uma característica dos 3-5-2's brasileiros que se desarticulam no meio - é a bola aérea, em faltas laterais, escanteios, ou com cruzamentos da linha de fundo.
Ariel é um centroavante trombador, e oportunista, usa bem o corpo para concluir dentro da pequena área. E quando podem subir, os zagueiros - principalmente o ex-gremista Pereira - aproveitam bem os cruzamentos por cima. E o ala Márcio Gabriel, mesmo em arroubos individuais, tem velocidade para deixar Kléber em alerta, e Sandro atento à sua cobertura.
Vejo o Inter como favorito. E não por tradição, nem por peso da camisa, nem mesmo pelo momento técnico de seus jogadores. Mas pela deficiência tática do 3-5-2 do Coritiba frente ao 4-4-2 do Inter. Se a história dos Gre-Nais deste ano se repetir, o Inter deve dominar o meio-campo, e criar oportunidades de gol com bola rolando.
Mas - é claro, tudo isso na teoria, e baseado no que vi o Coritiba apresentar terça-feira contra a Ponte Preta. Renê Simões é um bom técnico, pode surpreender com variações táticas ou estratégias diferentes, e na qualidade técnica de alguns jogadores - Carlinhos, principalmente - o Coxa deve tentar equilibrar as forças. Na prática, o bom treinador do Coxa pode contrariar todas estas observações. Entretanto, a superioridade tática do Inter para mim é evidente, e deve se impôr.
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