O Cruzeiro joga no 4-4-2 com meio-campo em quadrado, contando com apoio dos laterais, cobertura dos volantes, um apoiador que dá velocidade, e um articulador que pensa o jogo |
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Entre os cinco times brasileiros que disputam a Copa Libertadores - posso estar enganado - o Cruzeiro me parece o mais equilibrado. Acompanhei alguns jogos, e mesmo que os mineiros não sejam brilhantes, oscilam menos durante uma partida do que os rivais conterrâneos - confiram as análises sobre Grêmio, São Paulo e Palmeiras (tenho um post preparado sobre o Sport, mas desgostei tanto da equipe de Nelsinho Baptista que ainda não tive coragem de publicar).
Arrisco esta afirmativa - Cruzeiro com maior equilíbrio - porque o time de Adilson Baptista depende menos de seus expoentes técnicos para decidir um jogo, enquanto o Palmeiras precisa contar com Diego Souza e Cleiton Xavier em alta, assim como o São Paulo já foi salvo da degola pelo Borges várias vezes, e da mesma maneira o Grêmio se vê em melhores condições quando Souza e Maxi López despontam. As engrenagens coletivas me parecem mais definidas nos mineiros.
Até mesmo o próprio Adilson Baptista, um técnico que marcou sua carreira negativamente sempre que se decidiu por invenções e improvisos, está mais ponderado taticamente. Ele consolidou um feijão-com-arroz bem convencional, e evita logo de início apresentar alguma decisão excepcional. Ontem, ao vencer o Universidad de Chile por 2 a 1 fora de casa, ele só teve uma recaída quando colocou o lateral Athirson no lugar do meia Wágner, "para segurar" - na verdade, chamando o adversário para dentro do próprio campo, e sofrendo um gol no final - mas como Athirson já atuou no setor, não chega a ser uma invenção.
O Cruzeiro joga no 4-4-2 ortodoxo, com dois volantes e dois meias formando um quadrado. Os laterais marcam e apoiam, recebendo cobertura dos volantes - Marquinhos Paraná protege Gérson Magrão na esquerda, e Henrique (que substituiu o suspenso Fabrício ontem) resguarda o bom lateral Jonathan na direita. Ramires, que não é mais volante há tempos, é o apoiador - preferencialmente pela esquerda; e Wágner, o articulador cerebral, trazendo a bola da direita para o meio.
Com essa formação, o meio-campo cruzeirense apresenta muitas variações de jogadas. Enquanto Wágner cadencia, distribuindo o jogo com bons passes, inversões e lançamentos, Ramires dá velocidade conduzindo a bola. Marquinhos Paraná também apoia, a exemplo do segundo volante que passa da linha para surpreender a marcação adversária. E os dois laterais chegam à linha de fundo com frequência.
Na frente, Kléber tem um repertório grande de movimentos. Como prefere atuar em contato físico, ele costuma jogar de costas para o gol, no pivô. Mas também se movimenta pelos lados, para partir em diagonal com alguma velocidade, dribles curtos, e chute potente. Ontem Adilson optou por Soares, deixando Thiago Ribeiro na reserva, como o atacante de velocidade. E o ex-gremista faz uma boa parceria com Kléber, aumentando as alternativas táticas muito restritas quando o companheiro do camisa 25 era o centroavante Wellington Paulista, um jogador mais fixo na área.
Os dois gols do Cruzeiro surgiram de jogadas coletivas, bem trabalhadas. Não saíram de bola parada ou de um arroubo dos expoentes individuais. No primeiro, Kléber recuou e arrastou o zagueiro para fora da área, lançando de primeira o apoiador Ramires, que infiltrou-se exatamente no espaço aberto pelo centroavante. Na linha de fundo, ele cruzou para Soares, que entrou em diagonal e marcou. E segundo gol foi de Marquinhos Paraná, o volante que passou da linha convencional, tabelou e recebeu na área, sem marcação.
Reitero algumas observações: o Cruzeiro não é brilhante, mas está taticamente equilibrado, e apresenta boas variações de jogadas. Adilson Baptista está arriscando pouco, e inventando menos. E quando uma equipe se decide pela simplificação, a chance de sucesso é maior. Pode ser que no futuro próximo Adilson tenha uma recaída, ou a equipe seja superada por um adversário mais forte, mas por enquanto acredito que o Cruzeiro se apresenta como um dos principais brasileiros na disputa da Copa Libertadores.
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