Chelsea forçou os espaços entre os jogadores das linhas do Liverpool. Fora de casa, jogou no 4-3-3. E venceu, com méritos. |
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Eu vibro quando assisto na Liga dos Campeões da Europa ao sucesso de equipes com vocação ofensiva. Hoje, o 4-3-3 mais uma vez comprovou que a vontade de vencer é soberana quando se organiza um time de futebol. É claro que a qualidade técnica dos jogadores conta, mas neste quesito os confrontos europeus se equilibram (há craques em todos os times). Despontam, portanto, os treinadores destemidos.
Alguns técnicos brasileiros - e gaúchos também - devem ter caído da cadeira ao acompanhar hoje Barcelona e Chelsea jogando. Tanto Guardiola como também o mestre das estratégias Guus Hiddink acordaram hoje com vontade de vencer. Sem medo, sem cautela demasiada, sem predileção por volantes, sem restrições aos melhores jogadores.
O mais destemido foi novamente Guus Hiddink. Mesmo fora de casa, contra o embalado Liverpool e sua fanática torcida, o treinador do Chelsea não abdicou do 4-3-3. Isso mesmo. Guus enfrentou o Liverpool em Anfield Road no 4-3-3. Resultado? Venceu por 3 a 1. Fora de casa. Reparem nas estatísticas da partida: o Chelsea criou 21 oportunidades de gol, com 9 conclusões no gol, e 6 defesas de Reina. Do contrário, o Liverpool criou 12 oportunidades, apenas 2 conclusões, e uma solitária defesa de Cech (a outra bola entrou).
Qual foi a estratégia de Guus Hiddink: atuar entre os espaços das linhas do Liverpool, que manteve o 4-4-2 britânico com Gerrard adiantado. Malouda forçou a passagem entre Arbeloa e Skrtel. Drogba jogou a meio caminho de Skrtel e Carragher, entrando livre diversas vezes. E Kalou passou a partida transitando no espaço que ia de Carragher a Fábio Aurélio. O mesmo aconteceu no meio-campo. Ballack jogou às costas de Riera, entre ele e Xabi Alonso. E Lampard no espaço deixado por Kuyt, entre o holandês e Lucas.
E assim o Chelsea foi criando oportunidades. Guus, mesmo no 4-3-3, com dois meias-apoiadores, ainda liberou o lateral-esquerdo Ashley Cole para o apoio. Tudo isso sem perder a segurança ofensiva, afinal, quem ataca também marca, e não há time faceiro quando o sistema tático se alia a uma estratégia inteligente. Quem é que marca nesse Chelsea? TODOS, eu respondo.
Na Espanha, enquanto Klinsmann recuou o Bayern tirando um atacante, e entrando em campo no 4-5-1, Guardiola patrolou os alemães com seu 4-3-3 irresistível, nos pés invertidos de Messi pela direita e Henry pela esquerda, com Eto'o pelo meio. Mais uma vez venceu quem entrou em campo para vencer. E quem pensou em empatar deixou a Catalunha com uma goleada de 4 a 0.
Ontem, já havíamos assistido a decepções defensivistas e sucessos da coragem. O Porto encarou o Manchester na Inglaterra mantendo seu 4-5-1 com variação tática para o 4-3-3, bastante ofensivo. Enquanto isso, Sir Alex Ferguson seguiu acometido por sua lamentável recaída retranqueira, e escalou o Manchester no 4-4-1-1, com TRÊS volantes, e apenas um atacante. Empatou em casa. Foi punido pela bola.
É claro que nada está decidido, e quem errou nesta rodada pode acertar no jogo de volta. Vale o mesmo para quem acertou hoje, e pode também ser traído por alguma equivocada convicção defensivista, jogando tudo fora no próximo jogo. Tomara que isso não aconteça. Mas vale observar o futebol inglês como uma tendência do que pode dar certo, guardadas as diferenças técnicas dos grupos e as características do futebol de cada país.
Que as bençãos da inteligência tática dos vanguardistas europeus seja assimilada no Brasil, e que as estratégias de quem tem vontade de vencer derrubem sempre os argumentos de quem joga para empatar, ou de quem vê em tudo "faceirice".
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