No Gre-Nal de hoje pudemos assistir a duas estratégias completamente diferentes. De um lado, o Inter manteve a filosofia de valorização da posse, e de infiltrações em diagonais com bola no chão. De outro lado, o Grêmio foi planejado para combater as virtudes do adversário. O resultado avaliza a escolha de Tite.
Celso Roth desde o início assumiu o objetivo das suas mudanças, escalando quatro zagueiros, e retirando Souza - na teoria, o articulador da equipe - do meio-campo. O Grêmio apresentava-se para o Gre-Nal com a clara proposta de bloquear o Inter, talvez vacinado pelos gols sofridos logo de início nas etapas de clássicos recentes.
O Grêmio encaixou a marcação: Tcheco pegou Magrão (preferencialmente) e Adilson colou em Guiñazu (às vezes eles trocaram a marcação); Réver, escalado como volante, fez marcação individual em Andrezinho. Na defesa, pela direita Léo marcou Taison, e Thiego ficou com Nilmar, sobrando Rafael Marques. Nas alas, Souza bateu com Kléber, e Fábio Santos com Bolivar.
Com isso, Roth buscou bloquear a articulação pelo meio, ponto forte do Inter (como eu disse lá no início, com posse de bola, e infiltrações), impedindo a movimentação do meia e dos apoiadores. A meta era tirar espaços do trio Magrão-Guiñazu-Andrezinho. Mas com isso, o Grêmio deixou de jogar, distanciando-se dos atacantes. Jonas e Herrera foram peças decorativas, sem receber sequer nenhum lançamento.
O que eu acredito que faltou para Tite no 1º tempo: a passagem de Sandro. Afinal, o Grêmio "gastou" suas munições de marcação. Não tinha ninguém para acompanhar Sandro. Se ele passasse da linha da bola, forçaria um dos meias gremistas a acompanhá-lo, naturalmente abrindo espaço para Magrão, ou Andrezinho, ou Guiñazu. Não era preciso abrir o jogo pelas laterais, por exemplo. O próprio Tite falou sobre isso no intervalo, quando perguntado se faltavam jogadas pelos lados no Inter. O treinador respondeu: não necessariamente, está faltando a infiltração.
E elas - as infiltrações - aconteceram no 2º tempo. Roth inverteu as marcações, trocando Adilson e Souza de lugar, e depois colocando Makelele no lugar de Adilson. Nilmar entrou duas vezes na cara do gol, e Victor salvou. Sandro também passou da linha da bola, até concluindo a gol - claramente uma orientação do treinador. Aos poucos o Inter ganhava terreno, e desmontava a estratégia gremista de primeiro marcar, impedir de jogar, e apostar na bola parada (onde conseguiu, é bom destacar, duas bolas na trave e um lance que Guiñazu salvou sobre a linha).
De onde saiu a vitória do Inter? Em primeiro lugar, da liberação de Sandro, o que estava faltando. Em segundo lugar, da entrada de D'Alessandro, um baita articulador, que costuma jogar demais em clássicos. E em terceiro lugar, e para mim o ponto mais importante, das expulsões - que não estou questionando, foram justas. Taison e Rafael Marques levaram vermelho. E Rafael era o homem da sobra.
Vejam o segundo gol do Inter: o colorado alia estes três fatores. Adianta-se, prensando o Grêmio na defesa; conta com a qualidade de D'Alessandro, em lançamento curto primoroso sobre a linha de defesa do Grêmio. Repito - linha de defesa. Sem Rafael Marques, o Grêmio perdeu a sobra, desmontando a estratégia de combate defensivo. E ali, onde estaria o zagueiro expulso, entrou Índio. Para fazer o gol da virada.
Roth não foi mal, mas poderia ter escolhido outra estratégia - ou mantido a habitual. Em mais um Gre-Nal ele mudou seu padrão de jogo na tentativa de anular o Inter - no anterior, foi de 3-6-1; neste, permaneceu no 3-5-2, mas mudou o sistema de marcação e a escalação, tudo em função do adversário. Tite, do contrário, manteve sistema tático e estratégia inalterados, foi o mesmo. A questão legada por este Gre-Nal é de estratégias, posturas, filosofias táticas...e não apenas de sistema tático em si. Tite escolheu como estratégia jogar. E Celso Roth preferiu combater. Hoje, deu Inter.
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