Mais uma vez o Manchester United atuou no 4-4-1-1, com Giggs de enganxe. E precisou da estrela do treinador para virar um jogo mesmo que sem organização e afunilando as jogadas |
Sir Alex Ferguson parece obstinado em manter no Manchester United o sistema tático (variação tática, na verdade) adotado por ele recentemente. Após anos de convicção no 4-4-2 britânico, agora ele se define pelo 4-4-1-1, retirando um atacante. Esta escolha já foi analisada aqui no Preleção, mas em vésperas de decisão na Liga dos Campeões, o assunto ainda é pertinente.
Hoje assisti à vitória do Manchester United sobre o Aston Villa por 3 a 2, de virada e em casa, pela Premiere League. Foi injusto. O Aston Villa, no seu tradicional 4-3-3 bastante inteligente em contra-ataques, vencia por 2 a 1, mas levou a virada no final - C.Ronaldo abriu o placar de falta no primeiro tempo, empatou aos 35min do 2º tempo, e o estreante Macheda, de 17 anos, fez o gol da vitória aos 47min.
O Manchester United repetiu o 4-4-1-1 com Giggs de "enganxe", centralizado, entre a linha de meio-campo e o único atacante - hoje foi Tevez. Para piorar, os meias-extremos (wingers) afunilam as jogadas em repetidas diagonais. A equipe perde ao mesmo tempo a profundidade do segundo atacante, e também das jogadas pelos lados dos wingers.
Giggs imanta a articulação do Manchester, trazendo todos os companheiros ao centro. Dali, ele organiza com passes curtos as tabelas. O Manchester United está jogando todo à frente da área, em um curto espaço de campo, facilitando a vida da marcação adversária. C.Ronaldo e Nani correm na direção de Giggs, e Tevez volta para o pivô. Não é à toa a queda de produção da equipe, já apresentada em Milão contra a Inter, e nas partidas mais recentes no Campeonato Inglês.
É uma alteração diferente, por exemplo, da adotada por Rafa Benitez no Liverpool. Na falta de um atacante de ofício, ele adiantou Gerrard, que não é mais um simples "enganxe" no 4-4-1-1, mas sim um segundo atacante pela direita no 4-4-2 britânico. Giggs, do contrário, está centralizado atrás de Tevez. Praticamente sem função, apenas carimbando e distribuindo o jogo restrito ao meio do campo.
O desafogo do Manchester hoje foi Evra pela esquerda. Com as diagonais de Nani, coube ao lateral francês ser um ponta, mas permitindo espaços às suas costas, de onde saiu o segundo gol do Villa, por exemplo. Só Evra jogou pelos lados porque na direita Ferguson cometeu um equívoco: escalou Gary Neville de zagueiro, e O'Shea na lateral. Neville foi mal, falhou no primeiro gol, e acabou passando para o lado - O'Shea virou zagueiro. Mas aí o Manchester perdeu ainda mais a jogada pelo lado, já que Gary Neville não apoia mais nem o copo em cima da mesa.
Preocupa-me esta escolha de Ferguson. Mesmo tendo o Porto - teoricamente, "menos difícil" do que outros adversários da Champions League - o Manchester está dependendo demais do brilho individual, das decisões de um ou outro craque. A estratégia é confusa, o sistema tático não engrenou, e as escolhas na escalação também não são as melhores. Ainda assim, o veterano treinador mostra que ainda tem muita estrela: logo Macheda, um garoto que nunca havia jogado pelo Manchester, entra e marca o golaço da vitória. E nos acréscimos!
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