Juventude enfrentou o Inter em um 3-6-1 com variação para 4-5-1 |
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Hoje assisti com bastante curiosidade ao jogo entre Juventude e Inter, na tentativa de capturar as propostas de tática e estratégia do técnico Gilmar Iser no alviverde. Eu já havia companhado os confrontos contra Brasil de Pelotas e Inter-SM, mas sem tanta atenção a ponto de poder colocar o assunto em debate aqui no blog Preleção. Agora, é possível propor a análise do Juventude.
Gilmar Iser joga com um 3-6-1 disfarçado de 4-5-1. A proposta do treinador me surpreendeu em função das especulações que antecederam o confronto, terminado em 3 a 3 hoje em Caxias do Sul. Esperava-se que o volante Tiago Renz atuasse como zagueiro, o que não aconteceu. Iser manteve a dupla Da Silva-Juan Pérez, e sem a bola recuou o ala-esquerda Cicinho.
Formulei duas hipóteses para esta escolha de Iser. Primeira: o lado direito do Inter é pouco ofensivo. Bolivar pouco ultrapassa a linha de bola, e sem a companhia de Alex, Magrão passou a centralizar. Taison joga aberto preferencialmente na esquerda, hoje na tentativa de formar um dueto com Marcelo Cordeiro. Assim, Cicinho não tinha quem marcar pelo lado.
E o ala-esquerda jogou fechado sem a bola, recuando Juan Pérez para a sobra, e ficando Da Silva pela direita. O meia-atacante Ivo era o responsável pela marcação do lado, nas poucas investidas de Bolívar, tendo o volante Walker na cobertura. Esse movimento permitia a Cicinho encostar em um dos atacantes, liberando Juan Pérez.
Segunda hipótese (as duas não são excludentes): sem recuar Tiago Renz, mantendo-o centralizado à frente da área, Gilmar Iser procurou combater a principal virtude colorada - infiltrações em diagonal com a bola no chão, pelo meio. Quando Nilmar recuava para buscar jogo, Tiago fechava no atacante colorado. Lauro e Walker mantinham-se atentos a Magrão, Guiñazu e Andrezinho.
Na prática, entretanto, os atacantes colorados prevalesceram sobre esta estratégia. Os três gols do Inter surgiram de jogadas em diagonal em cima da sobra do Juventude. No primeiro, Andrezinho cortou as duas linhas - volantes e zagueiros - e saiu às costas do panamenho, de frente para o gol; no segundo, Nilmar recebeu dentro da área no mano-a-mano novamente com Juan Pérez - que deveria sobrar - fintou o zagueiro e marcou; e no terceiro, Nilmar estava novamente com apenas um marcador, sem sobra, dentro da área, quando sofreu o pênalti. Mérito da movimentação dos atacantes, da qualidade técnica deles, e da estratégia de Tite.
Com a bola o Juventude jogou às costas dos apoiadores colorados. Ivo atuou entre Magrão e Bolívar. E Zezinho, no espaço entre Guiñazu e Marcelo Cordeiro. Mendes fez o pivô, recuando e girando. Lauro foi o organizador, distribuindo as jogadas por ambos os lados.
A estratégia deu mais certo pela esquerda, onde Ivo levou maiores vantagens pessoais sobre Bolívar e Índio. Zezinho causou algum alvoroço contra Marcelo Cordeiro, mas poucas jogadas tiveram conclusão. Senti falta do apoio dos laterais. Pela esquerda, compreensível, afinal Cicinho fechava como terceiro zagueiro, e seria suicídio mandá-lo fazer bate-volta insistentemente; e Naydion passou muito trabalho no combate a Taison e Marcelo Cordeiro, também investindo pouco.
Um dos principais méritos do Juventude é o aproveitamento da bola parada. Fato que se contabiliza para os treinadores que praticam estes movimentos. Dois gols saíram de escanteios, e um de pênalti - naquela jogada do Ivo às costas do Magrão, sobre Bolívar.
Quem acompanha o trabalho de Iser no Juventude, e quem assistiu ao jogo, pode participar do debate deixando um comentário...
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