Heat Map de Gerrard na partida Liverpool 5 x 0 Aston Villa. |
De início, eu critiquei esta decisão do técnico do Liverpool: adiantar Gerrard. Foi uma decisão compulsória, forçada pela carência de atacantes no grupo dos Reds. Robbie Keane não emplacou e foi devolvido ao Tottenham, Kuyt e Babel se firmaram como alternativas para as asas da linha de meio-campo (tornaram-se wingers, ou meias-extremos, como queiram), Ngog precisa de tempo, e a direção não contratou mais ninguém.
Apenas com Fernando Torres, Rafa Benítez se viu forçado a apostar em algum jogador de meio-campo para auxiliar o centroavante espanhol. Escolheu Gerrard. À época, achei que ele estaria sacrificando o melhor jogador do time em uma função que exige contato físico e muito mais movimentação. Afinal, Gerrard se tornou um dos melhores jogadores do mundo atuando como meio-campista centralizado na linha de meio-campo do 4-4-2 britânico do Liverpool.
Hoje, entretanto, recorro ao Heat Map que a ESPN produziu da partida Liverpool 5 x 0 Aston Villa, domingo - pela Premier League - para colocar em debate a análise tática de Gerrard nesta nova função. Ou melhor: funções. Primeiro, cabe explicar o que é o Heat Map: esta ferramenta aponta os locais onde o jogador tocou na bola, em uma escala que vai do verde (não tocou), passando por amarelo (tocou), laranja (tocou muito) e vermelho (fincou pés, praticamente, de tanto tocar na bola). Voltando ao Gerrard, eu disse funções, ao invés de função. Vejamos:
Reparem nos três setores em destaque que circulei em vermelho na imagem do post, onde há há pontos em laranja - ou seja, Gerrard atuou muito por ali. O camisa 8 do Liverpool desempenhou simultaneamente três funções distintas - auxiliou Riera na asa-esquerda de meio-campo; articulou a equipe de maneira centralizada, como fazia em sua tática individual de origem; e jogou dentro da área, em diagonal da direita para o meio, fazendo parceria a Fernando Torres, como um segundo atacante (El Niño atuou da esquerda para o meio).
Eu assisti ao jogo. Gerrard não para em campo. Está liberado por Rafa Benítez para se posicionar onde o momento exigir. A preferência é pela função de segundo atacante, para evitar o abandono de Fernando Torres. Mas, na essência, Gerrard atua com liberdade entre a linha de meio-campo e Fernando Torres, aproximando-se dos meias-extremos, dos meias centralizados, e do centroavante, em um sistema tático que pode ser descrito como 4-4-1-1.
Seria melhor - é evidente - que o Liverpool contasse com um atacante de alto nível, para ter Gerrard em sua posição original (assim eu prefiro) - vindo de trás, com espaço para seus lançamentos precisos, e perigosíssimos chutes de média distância. Mas, dadas as circunstâncias, e os resultados obtidos, é inegável que está dando certo esta nova estratégia de Rafa Benítez. A equipe se resguarda defensivamente (Gerrard auxilia no combate mais do que um eventual atacante), sem perder a força ofensiva - Gerrard entra na área pela direita, Torres pela esquerda, e os wingers continuam apoiando simultaneamente.
Minha dúvida é: o sucesso se repetirános jogos da Liga dos Campeões contra o Chelsea, agora que não é mais novidade? O segundo atacante de ofício pode fazer falta. Mas, sem ele no grupo, Rafa Benítez vai de Gerrard ao lado de Fernando Torres. Uma boa possibilidade de êxito é a supremacia no meio-campo, caso Gerrard recue para buscar jogo, se Guus Hiddink mantiver no Chelsea o 4-3-3 com três meias muito centralizados - o Liverpool igualaria com Xabi, Mascherano e Gerrard, vencendo pelos lados com Kuyt e Riera sobre os laterais. Aguardo este confronto tático com grande ansiedade.
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