Réver se adiantou à dupla de zagueiros do Grêmio, transformando-se em um líbero eficiente, e apresentando uma bela variação tática no 3-5-2 do Grêmio |
![]() |
Depois de um ano tendo como sistema tático preferencial o 3-5-2, e estratégia "à brasileira" - utilizando o terceiro zagueiro como homem da sobra - Celso Roth pela primeira vez (se a memória não está me traindo) definiu no Grêmio a tática individual do líbero.
Réver adiantou-se à dupla Léo-Rafael Marques, jogando em boa parte do jogo contra o Boyacá Chicó como um primeiro volante. Exatamente o que faz o líbero: posiciona-se como zagueiro ou meio-campista, conforme a circunstância de cada jogo. Tática individual empregada no Palmeiras de Luxemburgo, com Edmilson, e cuja ausência sempre questionei no 3-5-2 do Grêmio.
Hoje Celso Roth fez a análise correta do adversário. Como já havia sido debatido aqui em duas oportunidades, o Boyacá tem duas características principais dentro de um 4-5-1: a centralização das jogadas, na busca do único atacante fixo; e a organização de Tapia, um articulador também centralizado, na linha intermediária.
Somados estes dois fatores, a utilização de um "homem da sobra" era desnecessária. O Grêmio teria três zagueiros para marcar apenas um atacante fixo; e poderia perder o controle do meio-campo, cedendo espaço para Tapia comandar o Boyacá. E dentro desta análise tem outro ponto positivo para a estratégia de Celso Roth: a fragilidade defensiva do Tricolor às costas dos alas.
Este problema também foi muito discutido aqui no blog Preleção. Com três zagueiros e um volante, o Grêmio não havia definido com precisão a cobertura pelos lados, tornando-se vulnerável em contra-ataques nas ausências defensivas de Ruy e Fábio Santos.
Adiantar Réver corrigiu a falta de cobertura. Primeiro, porque exigiu posicionamento mais disciplinado dos alas gremistas - Ruy apoiou com maior insistência, enquanto Fábio Santos foi um lateral típico. Segundo, porque o Grêmio tinha dois jogadores na proteção à frente da área - Réver e Adilson, assessorados ainda por Tcheco - o que possibilitava a cobertura simultânea de ambos os lados, e mais um jogador para marcar Tapia.
Essa organização defensiva também concedeu mais liberdade para Souza, que jogou como um ponta-de-lança, encostado nos atacantes, e frequentemente dentro da área adversária. Não à toa o Grêmio empilhou chances de gol - apesar do desperdício quase cômico em alguns lances - porque Souza pôde jogar próximo de Jonas, Alex Mineiro (depois Herrera).
Adiantar Réver, e utilizá-lo como um volante - pronto para retornar à sobra se fosse necessário (como um líbero) - parece uma atitude simples. E foi com esta estratégia que Roth neutralizou as principais virturdes do Boyacá Chicó. A vitória gremista pode ser atribuída em grande parte a esta inovação tática do Grêmio. Sim, é uma inovação, porque em um ano de 3-5-2 com Celso Roth, repito, adiantar Réver não foi uma hipótese concretizada durante toda uma partida em nenhum jogo sequer.
Eu preciso perguntar: porque só agora adotar uma estratégia que parecia tão óbvia, e eficaz, dentro do 3-5-2???
Dúvidas Frequentes | Fale conosco | Anuncie - © 2009 RBS Internet e Inovação - Todos os direitos reservados.