Hoje Benítez adiantou os wingers, formando uma linha de quatro jogadores em marcação pressão por zona na saída de bola do Real Madrid |
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Hoje o Liverpool nos deu uma grande oportunidade para analisar os sistemas de marcação. Eu já sou um grande fã da maneira de jogar sem a bola no sistema tático 4-4-2 britânico, o famoso duas linhas de quatro. Contra o Real Madrid, o técnico Rafa Benítez adaptou o conceito de marcação a uma estratégia extremamente ofensiva. E deu certo: vitória de 4 a 0 sobre os espanhóis, com classificação garantida para as quartas-de-final da Liga dos Campeões.
No 4-4-2 britânico, a marcação é pressão por zona. Sem a bola, as duas linhas se agrupam - a primeira se adianta, a segunda recua, permanecendo ambas na intermediária de defesa. E os jogadores precisam obedecer a uma filosofia pouco compreendida em outros lugares: eles marcam a bola.
Vou explicar: cada jogador tem uma zona de atuação. E ele só vai exercer pressão quando o adversário ingressar com a bola dentro da sua área delimitada pelo espaço que ele ocupa na respectiva linha. Se a bola saiu deste "quadrado", a conversa não é mais com ele. Ninguém acompanha jogador na área alheia, para não desfazer as linhas.
Outro conceito importante dentro desta estratégia é o funcionamento da cobertura. Por exemplo: no Liverpool, pelo lado esquerdo, Fábio Aurélio - wingerback esquerdo na primeira linha - foi a cobertura de Babel - wingerforward na esquerda da segunda linha. Se um jogador passa pela área de Babel, quem dá o combate é Fábio Aurélio, imediatamente exercendo a pressão no adversário com a bola. Babel já se posiciona para combater qualquer outro jogador que ingresse em seu setor, sem acompanhar individualmente ninguém.
Contra o Real, Rafa Benítez adiantou o posicionamento defensivo de vários jogadores. Ao invés de um 4-4-2, o Liverpool sem a bola praticamente jogou em um 4-2-4. Mascherano e Xabi Alonso permaneceram mais recuados, com Babel pela esquerda e Kuyt pela direita absolutamente alinhados à dupla Gerrard-Torres, que formaram o ataque.
E este quarteto exerceu a pressão por zona do 4-4-2 britânico convencional, com a diferença de estar em uma linha muito adiantada. Com isso, o Liverpool sufocou o Real Madrid na saída de bola, dentro da própria área. Babel e Kuyt nos laterais, Gerrard e Torres nos zagueiros, Mascherano, Alonso, Fábio Aurélio e Arbeloa na segunda bola. O primeiro gol justifica a escolha: Torres e Kuyt pressionam Pepe, que falha, Kuyt pega e toca para Torres marcar.
Hoje o Liverpool deu uma aula de marcação pressão por zona, no campo do adversário. Venceu por 4 a 0. Não deu chances ao Real Madrid. Foi taticamente perfeito, com jogadores aplicados em cumprir exatamente o seu papel, mantendo o sistema e a estratégia organizados. Filosofia que não seria bem executada, lógico, se o Liverpool não contasse em seu DNA com uma raça e uma bravura impressionantes, principalmente em competições continentais.
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